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HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

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28001 Madrid

 

© 2009 Michelle Celmer

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

A sedução do duque, n.º 2280 - março 2017

Título original: The Duke’s Boardroom Affair

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em português em 2010

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9438-9

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Capítulo Treze

Capítulo Catorze

Capítulo Quinze

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

Victoria Houghton nunca se tinha sentido tão humilhada em toda a sua vida.

Ver como o seu pai perdia o hotel, pertença da família durante gerações, fora insuportável. E agora queriam que ela que se tornasse na assistente pessoal do homem que lhes roubara o hotel!

O duque de Morgan Isle, Charles Frederick Mead, estava à sua secretária, de costas para o mar da Irlanda que se avistava através de grandes janelas. Um homem soberbo e arrogante, apesar do agradável sorriso.

Um sorriso que não enganava Victoria.

– O contrato de venda do hotel incluía uma alínea onde se refere que eu teria um cargo na direcção do hotel – recordou-lhe.

Além de um generoso salário e de uma percentagem dos lucros anuais. Ou também teriam mudado de opinião sobre isso?

– Ainda há muitas obras para fazer. Até o hotel estar em pleno funcionamento não há nenhum cargo na direcção – replicou ele. – E como a minha assistente pessoal se foi embora, ficas tu com o seu trabalho… temporariamente, claro.

Devia pensar que ela era ingénua se acreditava que ia engolir aquela absurda desculpa. Faria o que fosse preciso, até trabalhar como empregada de mesa, desde que não tivesse que vê-lo todos os dias. O duque podia ter um aspecto agradável, mas ela sabia que era um homem frio e sem coração.

– Pode dar-me um trabalho numa área do hotel que já esteja terminada. Farei qualquer coisa…

– Não há nenhum posto livre.

– Nenhum?

Ele negou com a cabeça.

Claro que, para os homens como ele, mentir era tão natural como respirar. Não iam respeitar o contrato. Porque decerto não iria pagar a uma assistente pessoal o exorbitante salário previsto no acordo.

– E o meu salário, a minha parte dos lucros?

O duque encolheu os ombros.

– Sobre isso, os termos do contrato não mudaram.

Victoria arqueou uma sobrancelha, surpreendida.

– Se falares com o teu advogado, ele confirmar-te-á que respeitaremos essa parte do acordo.

Segundo o pai dela, o seu próprio advogado vendera-se à família real, portanto não seria grande ajuda. E duvidava que existisse um único advogado na ilha que se atrevesse a meter-se contra eles. Logo, estava metida num belo sarilho.

– E se eu recusar? – desafiou-o Victoria.

– Estarias a quebrar o contrato.

O duque nem fazia ideia de quanto ela gostaria de fazer isso. Ela não queria aquele trabalho. Mas se lhe dissesse que não, o seu pai apanharia um desgosto. A venda do hotel Houghton, o seu legado, à família real, para o projecto de expansão destes, tinha dependido de a contratarem como gerente… e a ganhar quase o dobro do que ganhava antes. Já para não falar dos lucros. O seu pai queria assegurar-se de que não teria problemas económicos e Victoria não podia colocar qualquer objecção.

Perder o hotel representara mais um peso para o cansado coração do seu pai. Apesar de estar na melhor zona da ilha, as reservas começaram a diminuir assim que fora inaugurado o hotel Royal Inn, muito maior.

O seu pai temia que tivessem que acabar por vender o hotel. E assim acontecera.

E, devido ao seu frágil estado de saúde, mais uma má notícia poderia matá-lo. Desde o dia em que a sua mãe e o seu irmão mais velho tinham morrido num acidente de automóvel, tinha Victoria cinco anos, que ela representava tudo para o pai. Reginald Houghton sacrificara tudo por ela e não podia defraudá-lo.

Com uma renovada resolução, Victoria ergueu os ombros e perguntou-lhe:

– Quando estará o hotel em pleno funcionamento?

– As obras estarão terminadas no princípio da próxima temporada.

Na próxima temporada? Faltavam seis meses! Seis dias seriam já demasiado tempo a trabalhar para aquele homem. Mas que podia fazer?

A Victoria pareceu-lhe ver um brilho de gozo nos seus olhos cor de chocolate. Acharia graça à situação?

– Há algum problema? – perguntou-lhe o duque.

Victoria percebeu que estava a brincar com ela. Queria que ela violasse os termos do acordo para poder livrar-se dela.

Pois muito bem, não lhe daria a satisfação de renunciar. Podia ter destroçado o seu pai, mas não ia fazer o mesmo com ela.

– Nenhum problema.

– Óptimo – o duque sorriu, um sorriso de satisfação que, tinha que reconhecer, era muito atraente. E ele, certamente, sabia-o. – Tens que assinar isto – disse depois, abrindo uma gaveta.

– O que é?

– Um acordo de confidencialidade. Todos os empregados da família real têm que assinar um.

Outro truque? – perguntou-se Victoria. Mas depois de passar os olhos pelo documento comprovou que era apenas um simples acordo. E embora não fosse trabalhar directamente para a família real, mas para a cadeia de hotéis deles, concluiu que não valia a pena discutir. Os segredos deles estariam a salvo com ela.

No entanto, enquanto aceitava a caneta de ouro que ele lhe estendia e assinava o documento, não conseguia deixar de pensar que acabava de vender a alma ao diabo.

Era baixinha e estava acostumada a levantar a cabeça para olhar para as pessoas nos olhos, mas o duque era demasiado alto. Tinha, pelo menos, mais quarenta centímetros que ela, que só media um metro e cinquenta e cinco. E era tão atraente… O fato perfeito, as unhas bem cortadas, nem uma madeixa do seu cabelo escuro fora do lugar…

Mas os homens como ele não eram tão perfeitos como pareciam. Ela conhecera muitos homens imperfeitos e, apesar de tão atraente quanto rico, o duque teria tantos defeitos como qualquer um. Provavelmente, mais.

E, precisamente porque era advogado, não pensava confiar nele.

– Bem-vinda à companhia – ele estendeu-lhe a mão e, decidida a mostrar-se profissional, Victoria apertou-a.

A mão masculina envolveu a sua, engolindo-a, grande e firme. E ela sentiu um estranho formigueiro no ventre.

– E que tal conversarmos sobre as tuas tarefas durante o almoço?

Aqueles olhos cor de chocolate diziam-lhe que tinha algo mais que um almoço em mente. Estaria a tentar seduzi-la?

Não, impossível. Não podia ser.

Victoria teve que conter-se para não arregalar os olhos. As revistas do coração diziam que ele era um mulherengo cruel, mas ela sempre pensara que não passavam de rumores. Nenhum homem poderia ser tão superficial. Talvez, considerava agora, as revistas não estivessem tão enganadas.

Mas se pensasse, nem que fosse por um momento, que ela seria mais uma na sua longa lista de conquistas femininas, estava muito enganado.

– Não, obrigada.

O duque olhou-a com curiosidade. Talvez não estivesse habituado a receber negas de mulheres.

– Pago eu – brincou.

– Não, obrigada.

– Vamos ter que trabalhar juntos – insistiu ele. – Deveríamos conhecer-nos um pouco melhor.

Mas não iam trabalhar tão juntos assim, pensou ela.

– Prefiro não misturar uma coisa com a outra.

Victoria perguntou-se se insistiria, argumentando que era parte do seu trabalho, mas o duque limitou-se a encolher os ombros.

– Muito bem. Vou mostrar-te o teu escritório.

Era uma sala pequena, com uma estante, uma secretária e uma cadeira de trabalho. Na secretária havia um computador, um telefone e uma pasta de arquivo.

– Tudo o que precisas está no computador. Aí, encontrarás uma lista de tarefas e uma cópia da minha agenda. Se não sabes como usar o programa, podes perguntar à minha secretária, a Penelope.

– Com certeza conseguirei utilizá-lo.

Ele apontou para a pasta.

– Aí dentro, há um passe para entrar no edifício e outro que te dará acesso aos escritórios do palácio…

– Do palácio? – interrompeu-o ela. Não sabia que faria parte das minhas obrigações ir ao palácio.

– Tenho reuniões frequentes com o rei Phillip para tratar assuntos profissionais. Já lá estiveste alguma vez?

Victoria negou com a cabeça.

– Então, eu mesmo far-te-ei uma visita guiada.

Muito bem, talvez houvesse algumas coisas boas no seu trabalho. A ideia de ir ao palácio e conhecer os membros da família real era emocionante.

Mas tentou controlar o seu entusiasmo, lembrando-se que aquele não ia ser um trabalho para divertir-se. E que, se pudesse escolher, estaria noutro lugar qualquer.

– Aí, tens também umas chaves – prosseguiu o duque. – As do teu escritório e do meu. E num envelope à parte está o código de segurança para entrares em minha casa.

Por que raios lhe dava o código de segurança da sua casa? – perguntou-se Victoria.

– O meu motorista estará à tua disposição vinte e quatro horas por dia. A menos, claro, que esteja a levar-me a algum sítio. Nesse caso, reembolsar-te-ei o dinheiro que gastares com gasolina.

Um motorista? Nem sabia para que iria precisar de um motorista. Aquele trabalho começava a parecer-lhe cada vez mais estranho.

Ele apontou para uma porta situada à esquerda.

– Essa porta dá para o escritório de Penelope e será a entrada que usarás todas as manhãs. Aliás, será ela a mostrar-te o edifício. Se quiseres falar comigo, deves ligar-me primeiro. Basta premires esse botão vermelho. Se não atender, significa que estou ocupado e que não deverás incomodar-me.

– Muito bem.

– Todas as chamadas de trabalho passam primeiro por Penelope mas as chamadas pessoais são desviadas para o teu escritório ou para um telemóvel que encontrarás na gaveta.

Atender telefones e apontar recados? Era isso que ia ser o seu trabalho? Não era muito emocionante, desde logo. Mas o duque gostava de fazer as coisas de certa maneira e teria que respeitá-lo. Na verdade, até compreendia. Mais que uma vez, os seus empregados no Houghton tinham sugerido que ela era um pouco rígida no trabalho, embora ela nunca tivesse lamentado dirigi-los com mão de ferro.

O seu pai tinha começado a ensinar-lhe o negócio quando ela tinha doze anos, mas só depois de terminar o mestrado é que lhe deu o cargo de gerente. Reginald insistira em que obtivesse o título, não fosse um dia vir a fazer-lhe falta.

E, realmente, fazia-lhe falta agora.

– Leva o tempo que precisares a dar uma olhadela a tudo. Mais tarde podes fazer-me as perguntas que quiseres.

– Muito bem.

– Mas tenho que avisar-te que estou há várias semanas sem assistente. Receio que esteja tudo um caos.

Por favor, pensou Victoria. Não podia ser assim tão difícil ser pouco mais que uma secretária.

– Tenho a certeza que conseguirei dar conta do recado.

– Óptimo – assentiu o duque, com um dos seus deslumbrantes sorrisos. – Vou-me embora, então.

Ele estava quase a sair do escritório quando Victoria se lembrou que não sabia como dirigir-se a ele. Deveria tratá-lo por Senhor, por Excelência?

– Desculpe.

– Sim?

– Como devo tratá-lo? Senhor, Vossa alteza?

Ele voltou a sorrir e, como acontecera com o aperto de mão, sentiu novamente um estranho formigueiro no ventre.

«Pára de pensar tolices», disse para si mesma. Só sorria assim porque queria enervá-la.

– Podes tratar-me por Charles.

A Victoria não lhe pareceu muito apropriado. Tratá-lo pelo nome próprio era demasiado informal. Mas se era ele quem lho pedia…

– Muito bem, Charles.

O duque voltou a sorrir enquanto fechava a porta do escritório e Victoria teve a sensação de que ele sabia algo que ela não sabia. Ou talvez isso fizesse parte do jogo. Em qualquer caso, não a conseguiria intimidar. Se achava que ia obrigá-la a renunciar, não fazia ideia de com quem estava a lidar. Não conquistara a reputação de mulher de negócios inteligente deixando os outros espezinhá-la.

A cadeira era confortável, mas o escritório era frio e impessoal. E, como ia ter que passar ali seis meses, não seria má ideia levar algumas fotografias ou plantas para animá-lo um pouco, pensou.

Ligou o computador e encontrou os documentos que o duque referira. Convencida de que aquele trabalho não podia ser pior do que tinha imaginado, abriu a pasta das tarefas para ler as duas páginas escritas em letra pequena. E, quando terminou, sentia o estômago revoltado.

Assistente, o caraças!

Acabava de assinar um contrato que a transformava na escrava pessoal de Charles Frederick Mead.

Capítulo Dois

 

Charles estava à frente da sua secretária, a ver passar o tempo no seu Rolex. Dava-lhe cinco minutos antes de ela voltar a entrar no seu escritório como uma fera. E apostaria tudo o que tinha no banco que ela até se esqueceria de ligar-lhe antes.

Depois de ter dirigido um hotel de quinhentos quartos, tornar-se sua assistente pessoal não seria algo fácil de engolir. Se dependesse dele, ter-lhe-ia arranjado outro cargo no hotel, mas não dependia dele. Os seus primos, o rei Phillip e o príncipe Ethan, é que tinham tomado a decisão.

O hotel Houghton não fora adquirido nas melhores circunstâncias, pelo menos não para a família Houghton. E a família real tinha que certificar-se de que Victoria era uma pessoa de confiança antes de deixá-la ocupar o cargo de gerente. E a maneira mais lógica de fazê-lo era vigiando-a de perto.

Sabia que estava zangada por ter perdido um hotel que pertencera à sua família durante gerações mas, infelizmente, a compra era inevitável. Se não fosse o Royal Inn, teria sido uma outra cadeia. Pelo menos, com a família real, tinham conseguido um acordo justo. Outros compradores com menos interesse na economia do país teriam sido menos generosos.

Era possível que Victoria e o seu pai, Reginald Houghton, certamente não vissem a situação assim. Mas, pelo menos, poderia mostrar alguma gratidão, pensou. A família real poupara-lhes a vergonha de uma ruína profissional e pessoal.

Mal tinha formulado este pensamento quando o seu telefone tocou. Ah, era Victoria. Lembrara-se de ligar antes de aparecer.

Charles olhou para o seu relógio. Apenas três minutos e meio.

– Sim?

– Estou preparada para discutir as minhas tarefas.

– Muito bem, quando quiseres.

A porta abriu-se um segundo depois e Victoria Houghton apareceu com uma expressão que poderia definir-se como «decidida». Embora fosse uma mulher de baixa estatura, parecia uma ninfa e tinha presença suficiente para encher todo o escritório. Uma mulher de carácter numa pequena embalagem e, atrevia-se Charles a pensar, muito sexy.

Ele costumava sair com mulheres de longo cabelo loiro, mas aquele cabelo castanho assentava-lhe na perfeição.

Na verdade, não costumava sentir-se atraído por mulheres com carácter, mas Victoria fascinava-o. Não se importaria nada de conhecê-la um pouco melhor. E era o que faria, apesar de ela não parecer interessada.

Era muito simples: as mulheres achavam-no irresistível. Às vezes era esgotante como se atiravam a ele mas a verdade era que não fazia nada para evitá-las. Gostava de tudo nelas: das suas curvas, da suavidade da sua pele, de como cheiravam… De facto, no que se dizia respeito à forma feminina, não havia nada de que não gostasse.

Desta vez, tinha posto os seus olhos em Victoria e ainda não tinha conhecido uma só mulher que não conseguisse seduzir.

– Tens alguma pergunta?

– Sim, umas quantas.

Charles acomodou-se na cadeira.

– Força.

Ela pareceu escolher as palavras com cuidado.

– Pensei que as minhas obrigações estariam limitadas às de uma espécie de secretária.

– Já tenho uma secretária. O que farás será encarregares-te dos meus assuntos pessoais. Desde ir buscar a minha roupa à lavandaria até gerires o meu correio, os telefonemas, reservar mesas de restaurante, comprar entradas para o teatro…

– Mas…

– Se precisar de comprar um presente para uma amiga ou flores… tudo isso será tua responsabilidade. Ah, também terás que acompanhar-me a certas reuniões, para o caso de ser preciso tomar notas.

Victoria assentiu com a cabeça e Charles percebeu que estava a tentar controlar a sua irritação.

– Compreendo que precises de uma pessoa para fazer tudo isso, mas não te parece que sou qualificada para fazer algo mais?

– Sei que isto é um passo atrás para ti mas, como te disse antes, até que o hotel esteja em pleno funcionamento… – Charles encolheu os ombros. – Se te servir de consolo, desde que a minha assistente se foi embora que a minha vida é um completo desastre. Terás muito trabalho, posso garantir-te.