cover_sab1580.jpg

2715.png

 

 

Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2014 Abby Green

© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.

O poder do passado, n.º 1580 - Dezembro 2014

Título original: When Da Silva Breaks the Rules

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-5829-9

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Prólogo

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Epílogo

Volta

Prólogo

 

César da Silva não queria admitir que aquele lugar o tinha afetado mais do que esperava, mas, à medida que se aproximava do túmulo, sentia um nó no estômago. Mais uma vez, questionou-se porque fora até ali e agarrou com força no pequeno saco de veludo que tinha na mão. Quase se esquecera dele.

Sorriu cinicamente. Quem poderia ter imaginado que, aos trinta e sete anos, ia comportar-se de uma forma impulsiva? Habitualmente era o rei da lógica e do raciocínio.

As pessoas começaram a afastar-se do túmulo. As lápides estavam distribuídas através da relva do cemitério, situado numa das colinas de Atenas.

Finalmente, só ficaram dois homens junto do túmulo. Ambos eram igualmente altos e com o cabelo escuro. Um deles tinha-o ligeiramente mais curto e mais escuro do que o outro. Ambos eram corpulentos, tal como César.

Não era estranho que fossem tão parecidos. César era o seu meio-irmão. E eles não sabiam que ele existia. Chamavam-se Rafaele Falcone e Alexio Christakos. Eram todos filhos da mesma mãe, mas de pais diferentes.

César esperava que o invadisse a raiva ao ver que o que sempre lhe tinham negado era verdade, no entanto, experimentou um forte vazio. Os homens avançavam para ele, falando em voz baixa. César ouviu o que o meio-irmão mais novo dizia:

– Nem sequer pudeste vestir-te para o enterro?

Falcone respondeu com um sorriso e Christakos também sorriu.

A sensação de vazio cresceu e César sentiu raiva, mas era uma raiva diferente. Aqueles homens estavam a brincar a pouca distância do túmulo da mãe. E desde quando é que César sentia que devia proteger a mulher que lhe ensinara que não podia confiar em ninguém quando tinha apenas três anos?

Perplexo com os seus próprios pensamentos, César deu um passo em frente. Falcone levantou o olhar e parou de sorrir. Ao princípio, olhou para ele de forma inquisitiva, mas, ao ver que César o fulminava com o olhar, o dele tornou-se gelado.

Ao olhar para o homem que estava junto de Falcone, César apercebeu-se de que também eles tinham herdado os bonitos olhos verdes da mãe.

– Posso ajudá-lo? – perguntou Falcone.

César olhou mais uma vez para eles, antes de olhar para a sepultura aberta ao longe.

– Há mais como nós? – perguntou, num tom de troça.

Falcone olhou para Christakos e perguntou:

– Como nós? A que se refere?

– Não te recordas, pois não?

Contudo, ao ver a expressão de espanto do meio-irmão, soube que recordava. E não gostou da maneira como se sentiu tenso.

– Ela levou-te a minha casa. Tinhas uns três anos. Eu tinha quase sete. Ela queria que fosse com vocês, mas eu não quis ir-me embora. Não depois de me ter abandonado.

– Quem és? – perguntou Falcone.

César esboçou um sorriso.

– Sou o teu irmão mais velho. O teu meio-irmão. O meu nome é César da Silva. Vim apresentar os meus respeitos à mulher que me deu a vida… Não porque merecia. Sentia curiosidade por ver se havia mais alguém saído do mesmo molde, mas parece que somos apenas nós.

– Quem é…? – insistiu Christakos.

César fulminou-o com o olhar. Sentia um certo peso na consciência por lhes dar uma notícia como aquela num dia tão difícil, mas a lembrança da solidão que sentira durante todos aqueles anos e o facto de saber que aqueles dois homens não tinham sido abandonados, era muito doloroso.

Falcone gesticulou para o meio-irmão.

– Este é Alexio Christakos… O nosso irmão mais novo.

César sabia perfeitamente quem eram. Sempre soubera. Os avós tinham-se certificado de que ele sabia cada detalhe das suas vidas.

– Três irmãos de três pais diferentes… No entanto, ela não vos abandonou.

Deu um passo em frente e Alexio imitou-o. Os dois homens estavam muito tensos e os seus rostos quase se tocavam.

– Não vim aqui para discutir contigo, irmão – indicou César. – Não tenho nada contra vocês.

– Só contra a nossa falecida mãe, se o que dizes é verdade.

César sorriu com amargura.

– Sim, é verdade… Que pena! – César passou ao lado de Alexio e dirigiu-se para a sepultura.

Tirou a bolsinha de veludo do bolso e atirou-a, batendo no caixão. A bolsinha continha um medalhão de prata muito antigo que representava a imagem de São Pedro, o santo padroeiro dos toureiros.

A lembrança permanecia vívida na sua memória. A mãe vestia um fato preto e tinha o cabelo apanhado para trás. Estava mais bonita do que nunca e tinha os olhos vermelhos de tanto chorar. Tirara o medalhão e entregara-lho, pondo-lho ao pescoço e escondendo-o sob a sua camisa.

– Vai proteger-te, César. Porque não posso fazê-lo neste momento. Nunca o tires. E prometo-te que virei buscar-te em breve – prometera, depois.

Não cumprira a sua promessa e só regressara muito tempo depois. E, quando finalmente o fizera, era demasiado tarde. Ele perdera a esperança.

César tirara o medalhão na noite em que perdera a esperança de que a mãe regressasse. Só tinha seis anos, mas já aprendera que nada poderia protegê-lo, exceto ele próprio. Ela merecia recuperar o medalhão. E ele não precisava dele há muito tempo.

Ao fim de um momento, César virou-se e regressou para ao pé dos meios-irmãos, que o observavam com uma expressão indecifrável. Se fosse capaz, César teria sorrido ao reconhecer aquele gesto familiar. De repente, sentiu uma dor intensa na zona do peito onde costumava encontrar-se o coração, mas como as amantes lhe tinham recordado em numerosas ocasiões, ele não tinha coração.

Depois de um silêncio tenso, César soube que não tinha mais nada para dizer àqueles homens. Eram uns desconhecidos. E nem sequer continuava a invejá-los. Sentia-se vazio.

Entrou no carro e pediu ao motorista para se ir embora. Aquilo acabara. Despedira-se da mãe, que era muito mais do que ela merecia. Além disso, se ainda tinha algum pedaço da sua alma intacto, talvez pudesse salvá-lo.