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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2007 Margaret Way Pty.

© 2015 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Dá-me o teu amor, n.º 1158 - Julho 2015

Título original: Cattle Rancher, Secret Son

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2009

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7162-5

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S. L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Prólogo

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Epílogo

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Prólogo

 

O destino, a Sorte, ou como se quiser chamar-lhe, está sempre envolvido em tudo. Gina Romano tinha vinte e quatro anos. Com uma estrutura óssea clássica, pele dourada e olhos e cabelo de um tom escuro resplandecente, não deixava dúvidas sobre a sua ascendência italiana. Gina estava a falar com a sua amiga Tanya depois de ter passado uma tarde agradável com ela e com a sua filhinha adorável, Lily-Anne.

Depois de se despedir de Tanya, Gina sentiu um arrepio familiar e ficou alerta de forma instantânea. Era o sinal de que alguma coisa ia acontecer.

Dirigiu-se para casa com as mãos e pernas trémulas. Não era clarividente, contudo, acabara por aceitar que possuía um sexto sentido que a maioria das pessoas, ou não tinha, ou simplesmente não desenvolvia. Era um dom e uma maldição ao mesmo tempo, herdado pela linha materna da família.

Primeiro foi um barulho. A rua do bairro residencial onde vivia estava calma e sossegada e então, de repente, aconteceu uma série de acontecimentos encadeados. Um carro fez a curva no início da rua a alta velocidade, fazendo um barulho infernal. Gina viu que o condutor tentava controlar o carro com dificuldade.

Ao mesmo tempo, o agente imobiliário saía da casa que estava à venda, em direcção ao seu carro. O homem parou ao aperceber-se da situação e gritou. Simultaneamente, o pequeno e ruivo Cameron, que vivia na casa ao lado de Tanya, desceu pelo atalho da entrada da sua casa e saiu para a rua sem olhar. Totalmente alheio ao perigo, estava totalmente concentrado em ir apanhar a sua bola de praia azul, que atravessara a rua.

O agente imobiliário, um homem com uns sessenta anos, ficou paralisado, no entanto, Gina, que nem sequer ouviu os gritos desesperados de Tanya, correu para o menino e salvou-o do carro.

Sim, aquilo não foi uma mera boa obra, mas um acto de heroísmo. Porém, Gina apenas fez o que achava que qualquer pessoa teria feito.

Com o coração acelerado, pegou no menino mesmo a tempo e atirou-se para uma zona de relva fora de perigo, pensando que não havia forma de evitar a queda. Ficou deitada na relva, a gemer de dor. Contudo, naquele momento, a única coisa que lhe importava era proteger o menino.

«Por favor, meu Deus… por favor!», rezou com todo o seu ser.

No entanto, não era necessário preocupar-se. O destino decidira que tudo correria bem. O que poderia ter sido uma tragédia teve um final feliz. Um homem apareceu de repente e ajudou-a a levantar-se. O pequeno Cameron, uma vez a salvo, desatou a chorar, chamando a sua mamã.

A pobre mulher, com uns caracóis rebeldes da mesma cor alaranjada que os cabelos do menino, apareceu sem parar de repetir «querido, querido, meu pequeno!» e Gina, com o corpo ainda trémulo depois do susto, deu-lhe o menino, enquanto a sua mãe não parava de lhe agradecer. Cameron deixou imediatamente de chorar e começou a rir-se alegremente. Colocou a mão no bolso das suas calças azuis e deu alguns rebuçados a Gina, em sinal de agradecimento.

Embora pareça incrível, tudo acabou numa questão de segundos, porém, a pequena multidão que se reunira à sua volta começou a aplaudir como se acabassem de presenciar uma verdadeira proeza. O condutor do carro nem sequer se dignou a diminuir a velocidade, tirando apenas uma mão pela janela num gesto despreocupado, como dizendo «tudo está bem quando acaba bem».

Os vizinhos responderam com exclamações e punhos levantados em direcção a ele.

Então, de repente, Gina Romano foi convertida em heroína. Os pais de Cameron, imensamente agradecidos, foram depois à televisão dizer que nunca esqueceriam o que a menina Romano fizera por eles. De facto, para os telespectadores, era como se Gina já fizesse parte da família.

Entretanto, Gina rezava para si: «Não deixe que ninguém me reconheça».

Contudo, reconheceram-na. Os seus colegas e amigos, e quase toda a gente que a conhecia no pequeno centro comercial que costumava frequentar e os habitantes da pequena cidade a norte de Queensland, a muitos quilómetros de onde nascera e crescera. Contudo, o pior de tudo foi que também foi reconhecida pela última pessoa que desejava que a visse, o homem por quem se apaixonara loucamente quatro anos antes. O homem que o destino lhe negara. O homem de quem tão cuidadosamente se escondera. Nem sequer os seus amigos mais próximos suspeitariam que o conhecia, ou que o conhecera, de forma íntima.

Gina nunca falava da sua vida anterior, dos seus segredos e do seu passado. Tinha uma boa vida e estava muito agradecida por isso. Parecia normal. Possuía um lindo apartamento numa zona segura, em que havia um pequeno parque muito agradável com uma zona infantil. Tinha um trabalho bem pago na Bolsa, que valorizava os seus serviços. Tinha amigos do sexo oposto que a admiravam e a desejavam. Pelo menos, dois tinham o casamento em mente.

Porém, ela não podia comprometer-se e sabia porquê. Não passava um único dia em que não pensasse no homem que a possuíra de corpo e alma. Tentar esquecê-lo não fora simplesmente uma batalha longa, mas uma batalha que estava condenada a perder, e já o aceitara.

Capítulo 1

 

Exploração ganadeira, Coronation Hill

Território do Norte

 

Do alto de Crown Ridge, Cal observava, montado no seu magnífico garanhão, o rebanho que descia pela colina em direcção aos currais de Yering Springs. Daquele ponto de observação privilegiado, Jabiru Valley estendia-se perante a sua vista. Existia uma grande abundância de vida selvagem no vale: mamíferos nativos, répteis, milhões de insectos e, sobretudo, pássaros. As diversas espécies de papagaios, catatuas e periquitos, bonitas aves aquáticas e o enorme jaburu, a impressionante espécie de cegonha que dera o seu nome ao vale.

O Território do Norte continuava a ser um paraíso selvagem rodeado de uma aura de misticismo que derivava da cultura aborígene. Os espíritos dos antepassados criaram aquelas terras e tudo o que havia nelas. O ponto em que se encontrava naquele momento estava cheio de grutas e refúgios rochosos que tinham proporcionado ao homem galerias de arte naturais, pois muitas das suas paredes estavam cobertas de pinturas rupestres, tesouros artísticos ferozmente protegidos pelos indígenas e pelas gerações de McKendrick que tinham colonizado as terras posteriormente.

Olhasse para onde olhasse, a beleza generosa da paisagem envolvia-o. Cal pensou que aquela adoração da natureza teria feito dele um bom pagão. A verdade era que ele estava em contacto com o mundo natural. Conhecia os lugares em que residia a energia, tal como os aborígenes do seu rancho, como certos monumentos, grutas e certas árvores. O rio de Coronation Hill estava coberto de magníficos nenúfares de diversas cores: cor-de-rosa, vermelhos, brancos, amarelos. O seu favorito era o sagrado lótus azul. Claro que era justo dizer que, sob aquele tapete de cor maravilhoso, deslizavam crocodilos. Os crocodilos eram frequentes na vida do Território do Norte e já tinham aprendido a conviver com eles. Se não os incomodassem, eles não incomodavam.

Estava um calor horroroso! Sentia o suor a deslizar pela sua nuca e pelas costas. Talvez tivesse o cabelo demasiado comprido, pensou. Tinha de ir cortá-lo. Tinham partido nessa manhã ao amanhecer, porém, nesse momento, o calor era intenso. O céu era de um azul vivo. Amava o seu lar as cores da terra. Não eram os vermelhos dos desertos, mas uma gama de azuis frios e tons prata, cobalto e ametista. Em vez das dunas ondulantes de areia avermelhada da parte central do Território do Norte, a norte, a paisagem era totalmente verde.

Fora ali onde o seu antepassado escocês, Alexander Campbell-McKendrick, jurara em meados do século XIX que fundaria a sua própria dinastia nas terras selvagens do interior australiano, uma zona bastante despovoada. Foi um exemplo de ambição longe, muito longe, do seu lar ancestral na região escocesa. A questão era que, como filho mais novo, foi-lhe negada a herança das posses familiares, por isso, Alexander McKendrick, aventureiro e visionário de coração, encontrou a oportunidade de atravessar meio mundo em busca de fortuna nas Terras Australianas, onde jovens escoceses de boa família chegavam sem nada. McKendrick foi bem recebido e não demorou para ganhar o favor do governador da Nova Gales do Sul.

A grande aventura começara.

McKendrick não se deixara intimidar. De onde se encontrava, o seu antepassado observara o vale sem fim, dizendo para si que aquele seria o lugar em que a dinastia australiana da família Campbell-McKendrick criaria raízes. A terra era o significado da vida. A terra continuava de pé quando monumentos e edifícios poderosos caíam e se transformavam em pó.

 

 

Chegou ao rancho a meio da tarde. Era verdadeiramente incrível o castigo físico que o corpo de um jovem conseguia suportar. O seu pai, Ewan, diminuíra consideravelmente o ritmo de trabalho no último ano. Ewan McKendrick era um ganadeiro lendário, tal como todos os McKendrick antes dele.

Cal encontrou os seus pais e o seu tio viúvo, Edward, irmão do seu pai, na biblioteca, a beber e a falar de cavalos, o assunto interminável na família. O seu rosto iluminou-se ao vê-lo.

– Ai, já voltaste, querido – exclamou a sua mãe, Jocelyn, estendendo-lhe um braço.

Cal aproximou-se e abraçou-a. A sua mãe era uma mulher bonita. Fora uma grande esposa para o seu pai e uma boa senhora da casa no Coronation Hill, porém, não fora uma mãe especialmente boa. Para começar, estava absurdamente concentrada nele, enquanto mal prestava atenção à sua filha, a sua irmã mais nova, Meredith.

– Vamos ver se tu podes explicar isto, filho – disse o seu pai, introduzindo-o imediatamente na discussão que Ed e ele mantinham. Os McKendrick eram apaixonados pelos cavalos. Coronation Hill, baptizada nos tempos dos colonizadores em honra da rainha britânica, Vitória, levava muito a sério o seu programa de criação e de treino, não só pelos numerosos especímenes de cavalo premiados que possuíam, mas também pelas corridas que se celebravam no circuito não profissional. Essas corridas eram tremendamente populares e atraíam pessoas de toda a zona.

Ewan aplaudiu alegremente quando Cal confirmou que tinha razão.

– Lamento muito, tio Ed – Cal sorriu ao seu tio. – Certamente estava a pensar no Highlander. Ele era filho de Charlie’s Pride.

– Claro – Edward assentiu várias vezes.

Edward nunca conseguira superar o seu irmão mais velho em nada. Embora a semelhança física fosse grande, Edward sempre fora vencido por Ewan em tudo, excepto na sua sensibilidade e habilidade para comunicar com as crianças e com as pessoas menos afortunadas.

– Obrigado por teres chegado a tempo – o seu pai riu-se, gozando com o seu irmão. – Apetece-te uma cerveja, filho?

– Vou refrescar-me primeiro, papá – respondeu Cal.

– Já despediste o jovem Fletcher? – resmungou Ewan, olhando para o seu filho com os seus olhos azuis extraordinários.

Cal abanou a cabeça. Não queria mudar o que já decidira.

– Decidi dar-lhe outra oportunidade. É jovem. Está a aprender e esforça-se.

– Está bem – disse o seu pai, abanando a cabeça. Noutros tempos teria dito: «Tu ainda não diriges Coronation, filho».

Contudo, ultimamente fazia-o. Afinal de contas, era o seu legado. Cal contemplou as janelas altas que dominavam a biblioteca. O sol poente começava a entrar, enchendo o interior de cor. As estantes de mogno até ao tecto estavam embutidas em três das paredes da biblioteca e acolhiam uma colecção de livros valiosa: literatura, história universal antiga e contemporânea, mitologia, ciência, assim como valiosos mapas antigos e documentos familiares. Uma colecção esplêndida que pedia uma catalogação. Quando assumisse por completo a gestão da herança familiar, contrataria alguém qualificado para a tarefa. Era uma pena que nem os seus avós nem os seus pais tivessem sentido a necessidade de o fazer. O tio Edward sabia que era melhor não se meter. Desde a morte trágica da sua esposa, dez anos antes, Ed vivia com eles.

Cal ainda não formara uma família. Não tinha esposa com quem partilhar a sua vida e aliviar o fardo. Kym Harrison era a rapariga com quem devia ter-se casado. Tinham estado noivos brevemente alguns anos antes. Ainda o surpreendia como deixara que acontecesse. Pela sua mãe, ele não teria voltado atrás, porém, simplesmente, não lhe parecera o mais correcto e Kym merecia mais. O noivado durara seis meses. Seis meses a lutar contra uma força demasiado poderosa, o amor apaixonado por outra mulher. Uma mulher que o traíra. Todas as palavras de amor que lhe dissera tinham sido mentira.

Como podia ter estado tão cego? Apesar de ter apenas vinte e cinco anos na altura, não era nenhum inocente. Supunha-se que era um dos solteiros mais desejáveis do país. Aparecia nas revistas femininas constantemente. No entanto, não se relacionara com ninguém desde então, à excepção de algumas aventuras sem importância. Embora isso do sexo seguro não existisse, porque havia sempre alguém que sofria. Também não era uma questão de levar algum tempo para ter a certeza. Tratava-se mais de uma batalha para exorcizar lembranças que ainda estavam muito vivas na sua mente e que o impediam de seguir em frente com a sua vida.

Kym e ele conheciam-se desde pequenos. Contudo, nem a compatibilidade, nem o facto de terem nascido em ambientes semelhantes nem a amizade entre os pais de ambos fora o suficiente. Pelo menos, para ele. A sua relação carecia de amor e paixão.

Não a desejara desde o primeiro momento? A lembrança surgiu na sua memória.

– Bom dia, senhor. Outro dia maravilhoso!

Dissera, sorrindo de forma quase régia, como se fosse uma princesa disfarçada. Uma princesa com uma beleza fora do comum.

Ficara imóvel, bulindo de desejo como um vulcão prestes a rebentar. Não apenas desejo. Sinceramente, sentira que não tinha outro remédio senão cair aos seus pés. Era o seu destino. Ele não procurava nenhuma aventura de Verão, certamente, não com um membro do pessoal da ilha. No entanto sentira que desejava ter aquela mulher. A sua mulher. No seu coração, continuava a sê-lo. Como era terrível amar alguém!

Gina!

Como podia continuar a ser fiel a uma mulher que o enganara? Kym fora a eleita para ele pelos seus pais. Kym era a filha da melhor amiga da sua mãe, Beth Harrison. Os Harrison eram os seus vizinhos mais próximos em Lakefield. O casamento entre ambos era uma fantasia partilhada pelas mães de ambos. A sua mãe, que o adorara toda a vida, ainda estava a recompor-se da ruptura. Ele passara toda a sua infância a lutar contra o carácter possessivo da sua mãe até ao ponto de ter ficado feliz por ir para uma escola interna, apesar de isso significar afastar-se da sua amada Coronation Hill. Como a sua mãe fora diferente para Meredith! Não era que a tivesse maltratado. A sua mãe amava-a à sua maneira, como se as filhas não tivessem muita importância na ordem das coisas.

Cal pensava que nenhuma menina devia sofrer algo do género. Quando ele se casasse e tivesse filhos, certificar-se-ia de que as suas filhas fossem adoradas. Como filha única, Kym, desfrutava do amor incondicional dos seus pais e herdaria Lakefield.

– Não podias encontrar um partido melhor, querido – dizia sempre a sua mãe. – Nenhuma mulher poderia amar-te tanto como Kym. Para além de mim, é claro. Kym é perfeita para ti.

Kym tinha de sentir alguma coisa por ele, certamente. Apesar de tudo, continuavam a ser amigos. Talvez Kym estivesse apenas à espera que se apercebesse de que continuava a ser a melhor opção para ele. Afastou as recordações da sua mente, abanando a cabeça. Como podia continuar a manter viva a imagem de uma mulher quatro anos depois de o ter abandonado? A traição da Gina deixara-o devastado.

Ao princípio, sentira ódio, procurando uma via de escape. Porém, não funcionara. Depois de a ter amado, era mais fácil odiar-se a si mesmo. Fora então que concordara com o noivado com Kym, convencendo-se de que Kym era o caminho para a cura. Isso também não funcionara. Era impossível esquecer Gina.

Passava junto do escritório do seu pai quando Meredith o chamou.

– Tens um minuto, Cal?

Cal entrou na sala e percorreu o rosto da sua irmã com o olhar. Normalmente, Meredith tinha um sorriso quente para ele, contudo, nessa tarde parecia muito séria e triste.

– Claro. O que se passa?

Meredith era três anos mais nova do que ele e a sua melhor amiga. O facto de terem crescido isolados criara laços de lealdade inquebráveis entre eles. Ele sempre cuidara da sua irmã mais nova, embora, tal como todos os McKendrick, Meredith tivesse herdado uma constituição alta e esbelta.

Era uma amazona excelente. Ganhara vários prémios e troféus ao longo dos anos, quase tantos como ele, porém, nunca tinham sido exibidos como tinham feito com os dele. Uma vez, quando era pequena, Cal tirara-lhe fotografias com o seu cavalo. Ele guardara cópias das fotografias também. Ampliara a melhor delas e emoldurara-a. Estava no seu quarto junto com outras fotografias de família.

Tinha de admitir que todos os membros da sua família eram excepcionalmente bonitos. Meredith era linda, contudo, não fazia nada para melhorar o seu aspecto. Muito pelo contrário. Não usava maquilhagem, apenas protector solar e um pouco de batom, calças de ganga, t-shirts simples e o cabelo apanhado num rabo-de-cavalo. Apesar disso, os homens não paravam de olhar para ela.

Ele desejava muitas coisas para a sua irmã, como uma vida mais gratificante, um homem que amasse e que a amasse, filhos, porém, nada disso acontecia. O seu pai assustara todos os pretendentes. Embora também não pudesse dizer-se que Meredith fosse a menina dos seus olhos como qualquer pessoa teria esperado. Cal só podia agradecer à sua irmã por não o culpar. Entre eles, não existia rivalidade. Meredith aceitara que os filhos varões eram os mais importantes. Quanto aos pretendentes, a maioria dos homens sabia que seria inútil aproximar-se se não cumpriam os requisitos e os requisitos dos McKendrick eram muito difíceis de cumprir.

– Dá uma olhadela a isto – disse Meredith, interrompendo os seus pensamentos. Referia-se ao jornal enrugado que estendera sobre a mesa de escritório do seu pai.

Cal pensou nas mãos lindas da sua irmã, calejadas por causa do trabalho árduo. A sua irmã fazia muito mais do que lhe correspondia. Trabalhava de forma tão natural e calada que as suas tarefas passavam despercebidas. Meredith era, para além de bonita, muito inteligente. O homem que tivesse a sorte de se casar com ela levaria uma verdadeira jóia.

– De que se trata? – Cal rodeou a mesa e pôs-se ao seu lado. – Oh, meu Deus!

Meredith olhava para ele atentamente, preocupada.

– Lamento, Cal, mas alguma coisa me dizia que quererias ver isto.

Cambaleando, Cal conseguiu pôr-lhe uma mão no braço para a tranquilizar.

– Não faz mal. Quero vê-lo.

– Foi o que eu pensei – Meredith respirou fundo, aliviada. – Querias mesmo? – contemplou o queixo forte do seu irmão e viu o impacto da notícia pela forma como os músculos das suas faces vibravam.