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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 1999 Karen Drogin

© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Uma semana no paraíso, n.º 635 - abril 2020

Título original: Brazen

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-1348-292-7

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

 

 

 

 

O motor parou. Samantha Reed saiu do carro, que a rent-a-car lhe tinha alugado com a indicação de que era o melhor veículo de luxo de tamanho médio existente no mercado, sem se preocupar em rodar novamente a chave da ignição. Embora detestasse abandoná-lo no meio do deserto, não tinha outra alternativa. A rent-a-car teria de lhe enviar um pronto-socorro para rebocar o veículo, agora sem utilidade. Bastante incómodo era o facto da agência não enviar também meios para apoio ao motorista.

Respirando fundo o ar seco misturado com a poeira, olhou para o carro por uma última vez. O veículo era bastante mais confortável do que ela própria admitira antes de o alugar, mas infelizmente não queria andar. Samantha não tinha, porém, outra opção. O sol do Arizona começava a pôr-se nas montanhas sobre a linha do horizonte e, se por acaso se demorasse mais, teria de caminhar pela escuridão. Em condições normais não se importaria de caminhar na escuridão ou na claridade do dia, mas não estava, certamente, vestida para esse tipo de desporto.

E agora, o que aconteceria com os seus planos? Agarrou a mala, deixou o resto da bagagem no carro e, num gesto mecânico, esticou a barra da saia nova. Uma saia que comprara por ser bastante leve e confortável, adequada ao ar seco do deserto. Naturalmente não previra uma prolongada excursão a pé. Fora um erro a compra do vestuário que usava. Esperava não ter de dizer o mesmo sobre a planeada semana.

Considerando que o que tinha pela frente era um casamento tão seco como aquele deserto perdido no mundo, resolvera preencher com alegria, paixão e episódios excitantes, os dias que ainda lhe restavam. No próximo fim-de-semana encontrar-se-ia com o noivo num seminário sobre finanças, num dos hotéis mais selectivos do Arizona. Merecia divertir-se um pouco antes de sacrificar a sua vida, ao desistir da sua felicidade futura para bem do seu pai. Anos de submissão e actuação constante como filha obediente conduziram-na a esta situação, um casamento com um homem que não amava, que mal conhecia e quinze anos mais velho.

Cambaleando nos saltos demasiado altos, puxou mais uma vez para baixo a sua mini-saia. Olhou a imensa vastidão diante de si, na esperança de avistar algum outro carro. Nada, apenas o imenso vazio. Mas nada poderia ser pior que o futuro que a aguardava.

Dentro de um mês, diria adeus aos seus sonhos de felicidade. Por isso queria – ou antes, não queria, necessitava de arranjar algumas recordações que a mantivessem aquecida nas noites de Inverno. Nunca iria ter o amor profundo que os seus pais tiveram entre si. Mas poderia experimentar uma espécie de paixão antes de se entregar no altar matrimonial. Porém, agora era tarde demais para alterar este estado de coisas. Samantha recordava agora que tinha passado vinte e nove anos da sua vida com uma única missão: agradar aos pais para ter o seu amor. Exercício inútil. Eles amavam-na à sua maneira. Só que este amor não era suficiente para Samantha. E, na procura de mais amor, ela acabara por dar mais do que recebera.

Tinha prometido, à mãe moribunda, que tomaria conta do pai. Mas não contara, porém, com a forma como uma promessa mudaria toda a sua vida. Os negócios do pai entraram em decadência. Viúvo inconsolável, começara a negligenciar o trabalho e, para compensar algumas perdas, aconselhara os seus clientes a fazerem investimentos de certo risco na expectativa de recuperar rapidamente o prestígio perdido por completo. Tornou ainda as coisas bem mais difíceis ao investir, também, o seu próprio capital. Acumulara então dívidas que puseram em risco definitivamente o bem-estar da família. Samantha consciente da sua possibilidade de eliminar as causas desta delicada situação, resolveu-se a agir.

Tom, o seu novo chefe e grande amigo do seu pai, propusera-lhe uma solução. Ou melhor dizendo, um suborno, admitia Samantha. Casando-se com ele, o seu pai não se veria forçado a perder todo o seu prestígio. Se ele fosse ou não capaz de recomeçar, constituía outro problema. Samantha oferecera-lhe todas as suas economias, que se revelaram não serem suficientes. E, assim, a oferta de Tom era muito difícil de ser rejeitada.

Tom tinha bastante dinheiro para comprar o pai de Samantha em troca de uma esposa, de uma anfitriã, e também de um troféu nos seus braços. Claro que qualquer mulher bonita satisfazia estas condições, mas Samantha possuía algo mais; compreendia muito bem o negócio financeiro. Este facto permitiria que Tom evitasse o esforço de namorar uma criatura vazia, que faria somente o papel de esposa de um empresário rico. Não mais do que isso.

Nos seus últimos dias de liberdade Samantha pretendia usufruir do prazer de um encontro erótico com um desconhecido. Mas, para o conseguir, precisava de chegar ao seu destino.

Protegendo os olhos com a palma da mão, observou a longa estrada. Que direcção tomar? Lembrava-se de ter passado por um tipo de taberna, mais ou menos a dois quilómetros de distância…

Depois do pôr-do-sol a temperatura iria baixar, e ela começou a sentir algum frio. Pensava permanentemente no seu plano. Uma vez casada com Tom, seria a esposa fiel com que ele contava, mas ainda não estava casada. Aquela semana substituiria a lua-de-mel que nunca iria ter.

Cansada, com receio de torcer o tornozelo e de ficar caída na berma da estrada, tirou os sapatos. Pequenas pedras magoavam-lhe os pés mas, mesmo assim, conseguia caminhar mais depressa.

Quando avistou luzes à distância, ficou mais calma. Porém os seus pés estavam em carne viva, a garganta seca, e lágrimas brotavam dos seus olhos sujando-lhe o rosto. Nesta fase dos acontecimentos teria entregado o seu corpo ao primeiro homem que lhe oferecesse um lugar para se sentar, um ombro onde chorar e uma bebida gelada. Não necessariamente por esta ordem.

 

 

– Ei, Mac, então novamente por cá?

Ryan Mackenzie limpava os copos com um trapo já bastante húmido.

– Sabem que não posso ficar muito tempo longe daqui – respondeu ele aos três homens bastante idosos que se encontravam na taberna The Hungry Bear.

– Não posso acreditar que prefira este lugar ao seu hotel luxuoso.

Mac olhou as paredes desarranjadas, os quadros tortos, a mesa de bilhar ao fundo da taberna. Aspirou o cheiro de tabaco e de cerveja.

– Vocês precisam de o entender – disse um dos velhos aos restantes. – Ele pode ter muito dinheiro, mas um verdadeiro homem nunca perde as suas raízes.

– E as minhas estão enterradas junto das suas, Zee. – Mac lembrou-se então da pequena casa onde crescera e da casa muito semelhante ao lado. Ele e a sua irmã, Kate, sentiam-se bem nas duas casas, graças ao calor humano do vizinho Zee.

– O seu solo é agora muito mais rico, Mackenzie – riu-se Zee.

E os outros fizeram coro.

– E o que é que faz por aqui? Problemas com mulheres? – perguntou um dos homens.

– Eu não! Bear é que está com problemas – disse Mac, referindo-se ao filho de Zee, o seu melhor amigo e dono da taberna. – Vocês sabem que ele está apaixonado por uma mulher e eu faço o papel de barman, substituindo-o.

– Espero que ele desta vez consiga conquistar a mulher – comentou Zee mandando servir bebidas para todos.

– O uísque vai custar-lhe a dobrar até que o seu desejo se realize – sussurrou Mac.

– Enfim, uma mulher a chegar – comentou um dos homens, ao olhar pela janela.

Mac ignorou o comentário. Era preciso que fosse uma mulher muito especial para poder interessar-lhe, e ele ainda não tinha encontrado uma com as qualidades necessárias.

Contudo, não podia negar que a vida no hotel era demasiado solitária e que ele começava a cansar-se daquela actividade.

Algumas risadas vindas de um canto da taberna chamaram a sua atenção e ele olhou para o relógio. Muito em breve a rapaziada jovem chegaria. Quinta-feira era a noite das mulheres e os três velhotes entusiasmavam-se com a oportunidade de apreciar as belezas que apareciam.

– Se eu fosse a si, Mac, pegaria numa daquelas bonecas que frequentam o seu hotel, em vez de servir bebidas para três velhotes como nós – comentou Zee.

– Mas eu não sou como você.

Mac sabia muito bem que as belezas que frequentavam o hotel queriam era tomar banhos de sol e caçar um marido rico. E as que já tinham marido, iam ao hotel para um breve encontro com qualquer um. Mac não só estava cansado daquela rotina como também de ser alvo das atenções de muitas dessas mulheres. O que fazia das suas idas ao Bear uma oportunidade magnífica para escapar.

– Outra rodada de bebidas, Mac – pediu Zee.

– Você ainda nem terminou a primeira – afirmou Mac.

Zee puxou a cortina e olhou para fora.

– Finalmente, está agora a chegar uma mulher que vale bem a pena! – exclamou.

Mac conhecia Zee muito bem para saber que ele gostava de brincar com assuntos sérios. O velhote tinha sido um verdadeiro pai para os Mackenzie quando ficaram órfãos, há onze anos atrás. Portanto, Mac compreendia muito bem a solidão de Zee, situação que o fazia procurar qualquer coisa para se distrair.

– Vocês os três deixem as mulheres em paz – aconselhou-os Mac.

A porta da taberna abriu-se e a cena mais triste que Mac presenciara até ao presente deixou-o como que entontecido.

Ela era uma senhora… mesmo sob as camadas de poeira do deserto. Os seus cabelos negros, longos, estavam em completa desordem. Os sapatos, de saltos muito altos, trazia-os na mão quando entrou na taberna, descalça.

Um olhar rápido mas experiente de muitos anos, disse a Mac que a saia que ela usava era de marca, de seda, e feita para expor uma convidativa e longa parte das lindas pernas. A mulher parada à porta parecia bastante indefesa.

Antes que ele pudesse fazer alguma coisa, os três velhotes levantaram-se para irem ao encontro da recém-chegada.

– Por amor de Deus, deixem a rapariga respirar! – gritou Mac.

Os velhotes pararam e Mac avistou de imediato os seios da mulher sob a blusa colada ao corpo. Devido ao frio da noite, os mamilos pressionavam o tecido fino, não deixando quase nada para a imaginação. E então ele teve o insano desejo de lhe segurar os seios e aquecê-los.

Estivera muito tempo sem relações sexuais para não se impressionar com uma criatura tão atraente. Ela olhou-o, parecendo assustada, e Mac apontou na direcção dos três velhotes que a devoravam com o olhar, dizendo:

– Eles não lhe fazem qualquer mal.

– Obrigada – agradeceu ela com voz sexy, e explicou: – O meu carro avariou na estrada.

– Sente-se que eu vou arranjar algo para você beber – disse Mac. – A bebida vai aliviar a sua garganta. Depois entregue o seu coração a um barman que quer ser seu amigo.

Samantha ergueu a cabeça e notou que o homem não tirava os olhos dos seus seios. Corou.

Mac surpreendeu-se por nunca ter visto antes olhos daquela cor: uma combinação de violeta e azul, rodeados de pestanas pretas.

Sim, a mulher era real, linda, apesar de suja, e bem diferente das mulheres que iam ao seu hotel procurar curas de juventude. Uma beleza natural como aquela era uma coisa rara.

Pelo menos uma vez na vida ele olhava para alguém que precisava de algo bastante mais do que uma carteira recheada. E disse, enquanto a rapariga permaneceu silenciosa:

– Conte-me os seus problemas. Abra-se comigo, tenho ombros largos.

– Estou a ver – disse ela a sorrir, e Mac sentiu um tremor passar pelo seu corpo desde o alto do seu boné de basebol até aos tornozelos dentro das botas. – Andei bastante e a cadeira que me indicou foi uma maravilha.

Ela deu um passo em frente, soltou um gemido e, quase a cair, agarrou-se a Mac.

– Já muitas mulheres se lançaram para cima de mim, mas nunca desta forma.

– Talvez por não terem andado quase dois quilómetros no deserto, e descalças.

Mac sussurrou uma imprecação e carregou-a nos braços.

– O que é que pretende fazer? – perguntou ela.

– Ajudá-la, a menos que prefira tentar dar outro passo… – Ele baixou os seus braços quase até ao chão.

Mãos suaves agarraram-se ao seu pescoço com firmeza. A rapariga era mais forte do que parecia.

– Confessa que precisa de auxílio? – perguntou Mac.

Samantha fez um aceno afirmativo com a cabeça e murmurou:

– Meu salvador!

Mac colocou-a na cadeira mais próxima, depois ergueu-lhe um dos pés para o examinar.

– Tenho desinfectante e ligaduras lá em cima.

– Lá em cima? – repetiu ela. – O que há lá em cima? Um quarto? Um apartamento? Ou o quê?

– Um apartamento – respondeu ele, divertido.

– Com chuveiro?

– Sim, com chuveiro. Por quê?

– Curiosidade. E mora nesse apartamento?

– Moro.

Durante uma semana, disse ele a si mesmo, ou mais, dependendo do tempo que aquela criatura ficasse por ali. Optou por não lhe contar que estava apenas a ajudar na taberna, como amigo. Há muito tempo que considerava ser muito mais interessante tornar-se no simples Mac, em vez de Ryan Mackenzie, o proprietário de um hotel luxuoso.

 

 

A fortuna caíra nas mãos dos Mackenzie quando Mac era ainda um rapaz demasiado ingénuo para compreender como as pessoas e em particular as mulheres, reagiam a estas situações. Um homem solteiro, dono de um balneário de luxo, significava um bom partido. E ele tornara-se o alvo das caçadoras de fortunas.

Ao obrigar-se a tratar da sua mãe e da sua irmã mais nova, acabara por amadurecer rapidamente. As mulheres da família confiavam nele cegamente. E Mac sabia que não podia falhar. Aprendera a ser cuidadoso, daí a razão por que permanecia silencioso após esta primeira conversa.

A vulnerabilidade daquela mulher atraíra-o e ele procurava apenas uma oportunidade de ser um homem comum.

– Você mora sozinho? – perguntou a rapariga.

– Completamente só.

– Oh! Oh! Bom – disse Samantha, corando.

– Bom? – repetiu Mac.

– Por causa dos meus pés. E da minha dignidade. Acha que os posso lavar?

– Claro. E enquanto você estiver a fazer isso, darei um grito, e um dos rapazes trará as suas malas.

– Rapazes?

– Aqueles que viu ao chegar. Agora não tiram os olhos daqui.

– Oh, aqueles rapazes? Eles conduzem?

– Não legalmente.

A gargalhada dela encheu a sala.

– Sobre as malas, como sabe que tenho malas?

– Querida… – Mac percorreu com o olhar o corpo elegante dela e a pele clara. – Tudo em si cheira a turista.

Mac estendeu a mão para a ajudar a levantar, porém ela recusou sacudindo a cabeça.

– Posso fazê-lo sozinha.

– Certo, mas colocar-me-ei atrás de si para o caso de haver necessidade. Vamos então subir as escadas. – E dirigindo-se aos velhotes disse: – Um de vocês tome conta do bar.

Mac foi atrás dela. A saia de seda mal lhe cobria as coxas, quando ambos estavam ao mesmo nível. Mas Mac não tinha sequer imaginado como era tão diferente, estando ele bem na rectaguarda, como sucedeu quando chegaram ao meio das escadas. Tampouco tinha imaginado como a lingerie era sexy e feminina. As rendas atormentaram a sua já activa libido. O calor rolava pelo seu corpo como uma enorme onda. Mac transpirava.

E pensar que quase tinha recusado ir à taberna por causa do número de convenções que chegariam ao seu hotel durante a semana… Ficou muito contente por ter delegado a responsabilidade nos empregados para receber os numerosos médicos, advogados e economistas. Assim não perderia, por nada deste mundo, a oportunidade de conhecer a recém-chegada.

Enquanto acompanhava a sua sexy visitante pela escada acima, apercebeu-se de que reparara mais, em muitos anos, no seu corpo do que no de qualquer outra mulher. E nem sequer ainda sabia o seu nome.

 

 

Samantha encontrara o homem. Era uma pena não ter ainda uma ideia do que pretendia fazer com ele. Fechou a porta da casa de banho e despiu-se. Quem poderia adivinhar que o primeiro homem em quem pusera os olhos – o primeiro com menos de oitenta anos, corrigiu-se ela – seria o tal?

Mentalmente imaginava-o do outro lado da porta, e logo a sua pulsação aumentou. Não havia dúvida de que o barman da taberna à beira da estrada lhe agradava. Tratava-se de um homem com quem poderia passar alguns bons momentos para depois o relegar ao esquecimento.

Samantha descobriu as toalhas. Ele tinha-lhe dito que estavam na prateleira sobre o lavatório. Então examinou o local. Era pequeno mas completo e masculino em muitos aspectos. Nada de rendas e bordados. Cheirou a loção para «depois de barbear» e não voltou a sentir-se só. O aroma absorveu-a. Ele rodeou-a.

Samantha nunca convivera com um homem de bigode, e agora interrogava-se qual o tipo de estímulo que um bigode poderia acrescentar a uma intensa experiência sexual. Fechou os olhos e a sua imaginação ocupou-se do resto. Lábios suaves, hálito quente e sensações eróticas caminhando pela sua pele. Lábios firmes mas gentis a percorrer-lhe as pernas, a aspereza do bigode ao longo das coxas. Samantha segurou os seios, tendo a impressão de que as mãos dele lhe massajavam os mamilos, dando-lhes vida.

Mas quando abriu os olhos, viu-se sozinha numa casa de banho desconhecida. Nunca fizera aquilo antes.

Como era possível desejar um homem, um desconhecido, com tanta intensidade? Sair do seu apartamento fora fácil. Organizar um plano também. Mas agora, ao encontrar-se perante um desconhecido sexy, viril, em carne e osso…

Samantha tremia. Tinha apenas uma semana. E, considerando que a sua vida acabaria numa semana, o melhor seria tirar o máximo de proveito da situação. A sua oportunidade aguardava-a do outro lado da porta.

Olhou-se ao espelho. Com o rosto sujo, marcas de lágrimas nas faces, cabelos desgrenhados, como poderia seduzir um homem? Assustou-se tanto com o seu aspecto que derrubou um copo de água que estava sobre o lavatório, quebrando-o.

Sem um aviso prévio, a porta abriu-se e ela viu-se acompanhada.

Samantha tentou alcançar a toalha, mas era já demasiado tarde, pois o amante da sua fantasia estava na soleira da porta, olhando para o seu corpo completamente nu. Bem, ele já tinha visto muito, mas o pequeno triângulo preto entre as suas pernas mostrava mais do que ele desejava ver naquele preciso momento.

– Bem? – murmurou Mac.

Samantha não respondeu. Não podia. Estava demasiado ocupada a cobrir o seu corpo. Tentava puxar uma toalha da prateleira, mas as suas mãos trémulas dificultavam-lhe a tentativa.

Descobriu então que não era tão destemida como supusera que fosse. Ficou mortificada.

Como poderia ter pensado que seduziria um homem?

Mac aproximou-se e entregou-lhe a toalha.

– Cubra-se – disse. – Agora. Ou não me responsabilizarei pelos meus actos.

– Pois não, senhor.

Samantha baixou o olhar para a zona abaixo da cintura dele. E sentiu um prazer imenso. As suas técnicas podiam necessitar de alguma prática, mas conseguira alguma coisa. Aquele homem desejava-a.

Aceitou a toalha, envolvendo-se nela.

– Acabou o tempo – disse Mac.

– Acabou? Agora?

Samantha informara-o do lugar onde tinha deixado o carro, e dera-lhe as chaves. Esperava ter roupas limpas para o conquistar. As diferenças entre fantasia e realidade voltaram a atormentá-la. E ela não estava pronta para a realidade.

Teria preferido um pouco mais de tempo. Teria gostado de tomar um banho antes.

Contudo, quando Mac lhe estendeu a mão, ela colocou a sua na enorme e quente palma. Sentiu um prazer sensual que nunca tinha imaginado que existisse. Se pudesse adivinhar o que aconteceria depois, desmaiaria ali mesmo, no chão de ladrilhos.

– Bem? – perguntou Mac de novo.

– Bem, o quê?

– Não podemos sair daqui antes que esta casa de banho se transforme numa sauna?

– Não sei…

– Oh, por Deus. Se não quer ser a primeira a apresentar-se, faço-o eu. O meu nome é Mac. Qual é o seu?