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HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

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28001 Madrid

 

© 2007 Diana Hamilton

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Inocência e beleza, n.º 1085 - julho 2017

Título original: The Mediterranean Billionaire’s Secret Baby

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

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Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-237-5

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Francesco Mastroianni franziu o sobrolho enquanto conduzia o seu Ferrari numa noite fria de Março. Chovia intensamente, o que piorava o seu mau humor.

Não lhe agradava muito ir a Gloucestershire. Havia muitas memórias más. No entanto, não havia desculpa possível para não ir. Gostava demasiado de Silvana para rejeitar o seu convite para passar o fim-de-semana na sua nova casa.

O problema era que a sua prima Silvana e o seu marido, Guy, acabavam de se mudar de Londres para uma mansão restaurada num condado cujo nome até lhe dava arrepios.

«Pelo amor de Deus!», disse para si. «Ultrapassa isso de uma vez!».

Afinal de contas, embora a experiência tivesse sido dolorosa, aprendera a lição, não?

Francesco sempre fora bastante céptico relativamente às mulheres desde que entrara na adolescência e se apercebera de que a sua riqueza era um íman para o sexo feminino. E não conseguia acreditar como fora pensar que poderia existir uma mulher diferente, em quem podia confiar, apesar dos seus preconceitos. Uma mulher em quem pudesse confiar cegamente e que pudesse amar até ao fim da sua vida.

A sua doce Anna…

A sua boca torceu-se cinicamente.

Comportara-se como um adolescente ingénuo em vez de um homem mundano de trinta e quatro anos!

Anna afinal era tão má como todas as outras que puseram a vista na sua fortuna pessoal. Fora ainda pior. Fingira, e como fingira bem, que não fazia ideia de quem ele era, que pensava que ele era um homem normal, que trabalhava a tempo parcial como guia turístico, aceitando trabalhos temporários quando conseguia.

Ela chegara àquela conclusão a partir de certos comentários que ele fizera. Embora não lhe tivesse mentido, não corrigira o seu erro pois estava encantado por ter encontrado alguém para amar e que, aparentemente, o amava a ele e não à sua conta bancária.

Francesco suspirou e dirigiu-se para a vila onde a sua prima vivia, a mesma onde vivia a gananciosa Anna. Rylands…

O nome da casa ficara gravado na sua memória.

E não pôde evitar recordar a última vez que fizera aquela viagem.

– Vou dizer à minha família que vens cá para te prepararem um quarto. Passas cá a noite, não passas? – perguntara-lhe Anna quando descobrira que ele iria a sua casa.

Parecera excitada quando ele lhe telefonara de Londres para lhe dizer que ia a Rylands.

– É uma pena, mas só estarei em casa às dez. Esta noite estou a trabalhar e não posso cancelar o compromisso – lamentou Anna. – Não posso mesmo faltar! Nem sabes como eu gostaria de não ter de ir trabalhar! Oh, Francesco! Não vejo a hora de te ver!

Ele desligara o telefone do seu escritório luxuoso com um sorriso malicioso. Ele cancelara três reuniões de trabalho para estar com ela. No entanto, ela não poderia adivinhar que ele o fizera. Era normal. Ela não sabia que ele era dono de um império económico com escritórios em Roma, Bruxelas, Nova Iorque e Sydney.

Chamara o seu assistente pessoal pelo telefone interno e dissera-lhe que se ia embora. Não lhe dissera que, no bolso do casaco, levava um anel para a sua rainha e um pedido de casamento na ponta da língua.

Ir vê-la, embora demorasse umas horas, dar-lhe-ia a oportunidade de conhecer os pais dela.

O seu pai estivera à espera dele. Descera as escadas, excitado, sem lhe dar tempo para dar uma olhadela ao edifício antigo do século XVII onde a sua família vivia.

– Portanto, tu deves ser o namorado da minha filha? – inquiriu, estendendo-lhe a mão. – Bem-vindo ao nosso lar! Anna contou-nos tudo sobre ti!

Conduzira-o a um hall vazio, à excepção de uma cadeira solitária e triste, e depois a uma pequena sala de madeira, com uns sofás gastos e uma mesa velha de pinho. Depois, submetera-o ao discurso publicitário mais desumano que jamais ouvira.

– Quero dizer-te uma coisa antes que a minha mulher apareça. Já sabes como estas coisas são, filho… As mulheres não compreendem os negócios… Tenho uma ideia fantástica… É uma oportunidade que não podes perder! Um investimento ideal para um homem como tu! Serias parvo se a rejeitasses! E pelo que tenho lido sobre ti, parvo não és!

Sem falar no negócio disparatado, algo relacionado com animais selvagens como um Safari Park ou algo do género, ele sentira-se traído por Ana. Ficara furioso. Com que então Anna contara-lhe «tudo sobre o seu namorado», pensara, furioso. Andara a brincar com ele…

Não era de estranhar que ela tivesse ficado muito contente quando lhe dissera que iria vê-la. Devia estar a celebrar o facto de o ter apanhado!

Seria mesmo verdade que ficara a trabalhar até tarde ou teria sido apenas uma desculpa para o seu pai ter tempo de lhe propor um negócio e conseguir sacar-lhe algum dinheiro?

Com um tom gélido, ele interrompera o pai dela e dissera:

– Nunca me pediram dinheiro de forma tão incompetente.

Depois pedira-lhe uma folha de papel e deixara um bilhete para a «Doce Anna».

E fora-se embora. Desprezando-se. Odiando Anna.

Odiando-a, porque fizera-o fazer figura de parvo, levando-o a deixar guiar-se pelo coração e não pela cabeça, como era costume. Ele, um homem calculista e engenhoso, que possuía um sexto sentido para detectar mulheres ambiciosas e interessadas apenas em dinheiro.

Ficara totalmente envergonhado.

Virou à esquerda e tentou esquecer aquele episódio, desejando que Silvana, uma casamenteira inata, não lhe tivesse reservado nenhuma candidata para o fim-de-semana. Não tinha qualquer interesse no sexo oposto.

 

 

Anna Maybury olhou para os seus tornozelos inchados. Era uma consequência de estar grávida de sete meses.

Tocou na barriga, coberta pela sua farda de trabalho. Apesar do seu desconforto, amava profundamente o bebé que ia nascer.

Não fizera caso do conselho de algumas amigas que sugeriram que interrompesse a gravidez, nem da pressão dos seus pais para entrar em contacto com o pai para lhe pedir ajuda económica.

Aquele bebé era seu, e amava-o incondicionalmente. Desenvencilhar-se-ia sem ajuda do pai. Ele fora desagradável! Aparentemente muito atraente e rico mas igualmente descarado!

Afastou uma madeixa loira da cara, zangada consigo mesma por estar a pensar nele quando prometera nunca mais fazê-lo, e começou a preparar o jantar para quatro.

Colocara os ingredientes numa embalagem e guardara-os no frigorífico, enquanto o prato principal, uma perna de cordeiro temperada com alho e salsa, estava no forno.

Um jantar italiano, como era hábito.

Aparentemente, a sua cliente, Silvana Rosewall, era italiana, embora casada com um banqueiro inglês. Portanto teria de aguentar o pedido de comida italiana da mulher da casa.

Ela era uma chef profissional e o seu negócio de catering corria bem. Melhor do que bem, embora fosse uma pena que a sua amiga Cissie não a pudesse ajudar naquela noite.

No entanto, Cissie tinha um encontro e, desde o início, deixara bem claro que só a ajudaria de vez em quando, até conhecer homem da sua vida. Porém, os contactos da família de Cissie deram-lhe muito jeito pois passaram a ser seus clientes, como o daquela noite.

Ela não deixaria que Rylands, seu lar familiar há mais de trezentos anos, fosse arrebatado das suas mãos. Porque sabia que a perda da casa familiar partiria o fraco coração da sua mãe. E pensar em algo tão doloroso fazia mal ao seu bebé.

Portanto proibiu-se de pensar naquilo tudo.

– Os convidados acabam de chegar – disse a senhora Rosewall quando entrou na cozinha.

Ficou contente por alguém a obrigar a concentrar-se no seu trabalho. A cozinha ficava na parte de trás da mansão, portanto não ouvira o motor dos carros ou o barulho das rodas no cascalho da entrada.

– O que temos para jantar? – perguntou Silvana Rosewall.

Era uma mulher de trinta e poucos anos, morena, muito elegante.

– Caçarola de batatas com queijo mozarela para entrada, seguido de kebabs de peixe-espada e cordeiro à Toscana, cortado em fatias finas acompanhado de legumes mediterrânicos, e como sobremesa, bolo de laranja com caramelo. Além disso, arranjei estes maravilhosos biscoitos venezianos.

– Excelente – Silvana assentiu. – Comeremos dentro de meia hora – franziu o sobrolho ao ver a figura grávida de Ana. – Estás sozinha? Consegues fazer tudo… no teu estado? Poderia ter vindo alguém para te ajudar a servir à mesa…

Silvana queria alguém magro e atraente, que não assustasse os convidados, pensou Anna. Bem, faria todos os possíveis por permanecer no fundo da sala.

As suas curvas ficariam óptimas numa amazona alta, mas, pensando bem, com a sua altura escassa, faziam-na redonda.

Silvana saiu.

Anna tirou os ingredientes das embalagens que haviam no frigorífico e acabou de cozinhá-los.

Meia hora depois, pôs as batatas quentes cobertas com mozarela gratinada numa bandeja.

O resto da comida também estava praticamente pronta e ficou satisfeita por estar tudo como esperava.

Com sorte, os Rosewall e os seus convidados ficariam tão contentes com a comida, que não reparariam no seu aspecto e não se sentiriam incomodados.

Contudo a sua confiança desapareceu quando entrou na sala e o viu.

Quase deixou cair a bandeja ao chão com o choque inicial. Agarrou-a com força para que não caísse e sentiu-se corar.

Ele olhou para ela com dureza, arregalando os olhos. A última vez que o vira, reparara que estavam cheios de desejo.

Anna engoliu em seco. Desviou o olhar e desejou poder desaparecer. Depois, serviu os pratos com as mãos trémulas.

Saiu da sala novamente em direcção à cozinha. O coração batia aceleradamente. Apoiou-se de costas na porta e tentou acalmar-se.

Vê-lo ali fora um choque.

Lembrou-se das palavras que Francesco escrevera no bilhete que lhe deixara:

 

Foi uma boa tentativa. Mas mudei de ideias. Tu tens muito para oferecer, mas nada que não cwonsiga arranjar em qualquer lado.

 

Sexo. Referia-se a sexo.

Sentiu-se nauseada. O seu pai devia ter lido o bilhete. Era a única coisa que podia explicar a sua cara de cordeiro mal morto quando lho dera, balbuciando que o seu namorado novo apenas ficara dez minutos e depois se fora embora. Portanto, o seu pai sabia que a deixara, e isso fizera com que se sentisse pior ainda.

No início, ela pensara que Francesco achava que ela era rica. Cissie e ela não tinham estado naquele hotel muito caro, frequentado por gente muito rica? Teria ele imaginado que fora alvo de uma boa partida ao ver a realidade de Rylands, despojada de tudo o que valera a pena vender, totalmente desmazelada e estragada?

Umas semanas mais tarde, Cissie dera-lhe uma das revistas que a sua mãe tanto gostava, nas quais apareciam as personagens famosas da alta sociedade, e mostrara-lhe uma fotografia.

– Este é o rapaz com quem estiveste em Ischia. Parecia-me familiar, mas não sabia de onde o conhecia. Devia ter de estar incógnito, nem um carro pomposo nem um iate luxuoso à vista! Aparece sempre na coluna dos mexericos. É milionário, tiveste sorte! Continuas em contacto com ele?

– Não.

– É uma pena! Se o apanhasses, nunca mais terias preocupações! Mas, para ser sincera, estas aventuras de férias não duram nada! E o homem tem uma fama enorme de mulherengo!

Ela virara costas, encolhendo os ombros, sem olhar para a fotografia de Francesco Mastroianni, vestido com um smoking branco que contrastava tanto com aquele aspecto latino. Sentiu-se gelada.

Francesco não fora atrás do dinheiro que ela e a família não tinham como pensara no início.

Estivera apenas interessado em sexo.

No entanto, aparentemente, ao regressar a Londres, conhecera alguém que o satisfizera mais sexualmente do que ela, alguém mais sofisticado, provavelmente.

Um desgraçado! Como ela odiava os homens que usavam as mulheres para seu prazer e depois as deitavam fora como brinquedos velhos!

Então, que direito tinha ele de olhar para ela com desprezo?

Afastou-se da porta e disse para si que se alguém merecia desprezo era ele e acendeu o grelhador.

Ela era uma profissional e faria o trabalho para o qual a tinham contratado. Ignorá-lo-ia e, quando acabasse a noite, tirá-lo-ia novamente da cabeça. Não entornaria um copo de vinho «acidentalmente», nem lhe atiraria um prato à cabeça. Não podia permitir esse tipo de satisfação. Se ganhasse fama de mal-educada, nunca mais conseguiria trabalho.

No entanto, se ele voltasse a olhar para ela com desprezo, sentir-se-ia seriamente tentada a fazê-lo!

 

 

Ela estava grávida!

Seria dele?

Francesco teve de fazer um esforço para comer e para ignorar Anna Maybury enquanto ela servia o jantar.

Apenas conseguiu pronunciar monossílabos sobre a comida, dirigidos à ruiva que a sua prima lhe arranjara.

Porém ele não estava interessado nela.

Anna era virgem. E ele não usara preservativo na primeira vez. Estivera demasiado excitado para pensar nisso.

Estivera perdido naquela tempestade selvagem de emoção e desejo. Fora uma experiência tão nova e vital, que lhe parecera que a sua vida inteira, até aquele momento, não fora mais do que um teatro de sombras.

Aquele bebé que Anna levava na sua barriga podia ser dele. A não ser…

Encostou-se para trás na cadeira e, apoiando a mão nas costas, disse:

– A mulher do catering… Sabes de quanto tempo está?

Os seus companheiros de mesa olharam para ele, surpreendidos. Mas foi Silvana quem lhe perguntou:

– Porque queres saber?

«Porque é possível que eu seja o pai e não saiba», queria ter podido dizer. Mas respondeu:

– Para o caso de termos de fazer de parteiras a qualquer momento…

A ruiva riu-se com uma gargalhada irritante. Guy olhou para a sua esposa. E Silvana respondeu:

– Sete meses, segundo Cissie Lansdale. Cissie é uma espécie de sócia de Anna no negócio do catering. Normalmente é ela que serve à mesa. Mas, aparentemente, hoje não pôde vir. Guy, querido, os nossos copos estão vazios…

Enquanto o seu marido servia uma segunda garrafa de Valpolicella, Silvana acrescentou:

– Pessoalmente, penso que uma mulher no seu estado deveria estar a descansar, não a fazer este tipo de trabalho. Mas não tem marido para a sustentar e a sua mãe está um pouco frágil, não tem boa saúde, segundo me disseram. Suponho que precisam do dinheiro. O pai é um caso perdido. Há algum tempo tinham uma boa posição na zona. Mas ele esbanjou o que tinham, ou perdeu…

– Fez maus investimentos, segundo dizem – acrescentou Guy, enquanto se sentava novamente.

– Parece que sabem muito a respeito deles – comentou Francesco.

Pensou que, se estava grávida de sete meses, o bebé poderia ser dele. A não ser que Anna tivesse ido para a cama com alguém imediatamente depois das férias.