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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2007 Anna DePalo

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

A prisioneira do magnata, n.º 774 - Março 2016

Título original: Captivated by the Tycoon

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em português em 2007

 

Reservados todosos direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7786-3

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S. L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

Ele era a última pessoa que ela teria querido ver e quem menos imaginara encontrar no vestíbulo do seu escritório. Whittaker era herdeiro de uma das grandes famílias de Boston e testemunha do dia mais humilhante da sua vida.

Lauren, que estava no discreto gabinete que tinha na Ideal Match, ficou petrificada ao vê-lo. Naquele dia chegara tarde ao escritório devido a um almoço de negócios que se prolongara demais e a uma tempestade de neve naquele mês de Janeiro pouco agradável. Lauren olhou-o, boquiaberta, e tentou acalmar-se.

Ele, por sua vez, já se levantava do sofá onde estivera sentado. Ela armou-se de coragem para enfrentar aquela imponente presença.

– A pessoa da reunião das duas já chegou.

Ela olhou para Candance, que arqueou as sobrancelhas e abriu muito os olhos, antes de olhar para o homem que tinha à sua frente.

Aproveitou esses segundos para dissimular os seus sentimentos, antes de avançar devagar para ele.

– Olá, Matt – ficou feliz que a voz não lhe tremesse. – Que surpresa.

– Olá, Lauren – respondeu ele. – Não nos vemos há algum tempo.

Quando o vira pela última vez, ele usava um fraque e uma gardénia na lapela. A flor tivera pérolas encastoadas no seu centro, exactamente como ela quisera. Afinal de contas, tratara-se do seu casamento.

O som dos sapatos de salto alto sobre o chão de madeira foi abafado quando chegou ao tapete oriental que cobria o centro do chão da recepção.

Lauren sorria profissionalmente quando chegou junto dele.

– É óptimo voltar a ver-te.

Quando lhe apertou a mão, Lauren sentiu um nó no estômago.

– Sim, eu pensei o mesmo – disse, com um sorriso pesaroso.

Ao olhar para ele, Lauren deu-se conta de como era pequena. Até com saltos altos era pequena, algo de que se lamentava há trinta anos.

Ele, pelo contrário, tinha tudo em seu favor. Media, pelo menos, um metro e oitenta e era rico, viril e imponente. Ela não lera em qualquer lugar que, mais do que qualquer outro dado, a altura era o melhor indicador de quem ganharia umas eleições presidenciais?

Olhou-o de cima a baixo, discretamente. Tinha a beleza morena de um modelo da revista GQ, mas além disso era… qual era a palavra de que estava à procura?… Sim… enigmático.

Lembrou-se da capa de um número recente da revista Fortune onde lera um artigo sobre ele. Tinham-no chamado o «engenheiro financeiro das empresas Whittaker» devido ao estilo desenvolto e sereno com que ele assumia o lugar de director financeiro do competitivo império familiar.

Ironicamente, o Boston Sentinel também o nomeara como o solteiro mais cobiçado em dois anos consecutivos. Depois do seu irmão mais novo, Noah, se ter casado, Matt tomara-lhe o lugar, quase por defeito.

Tinha a certeza que ele não estava ali para contratar um serviço da sua agência matrimonial. Mas que outra razão o poderia ter levado ali, se não essa. Ele era a pessoa que estava marcada para as duas.

Como se lhe tivesse lido os pensamentos, ele disse:

– Devo ser a pessoa que menos imaginarias ter como cliente.

Não, por favor. Não, não, não. Ele não. Não o homem que ficara impassível perante a humilhação que ela sofrera cinco anos antes. Não o homem que, curiosamente, fizera com que ela tivesse consciência da sua feminilidade, e daquela forma tão especial. Tentou acalmar-se e dirigiu-se a ele num tom aveludado.

– Queres entrar? Podemos falar mais tranquilamente no meu gabinete sobre aquilo que estás à procura e sobre como poderemos ajudar-te a encontrá-lo.

Lauren contraiu-se por dentro; o que ele procurava não era que o juntassem a um qualquer ser inanimado e sem emoções, por muito apropriado que isso lhe parecesse a ela.

– Refiro-me a encontrá-la – rectificou Lauren.

O olhar dele reflectiu uma centelha de emoção que poderia ser de humor.

Seguiu-a até ao escritório e ela fechou a porta atrás dele, não sem antes ter franzido a testa à recepcionista que por sua vez a olhava de forma curiosa.

Tirou o casaco e convidou-o a sentar-se.

Aproximou-se de um armário junto à parede.

– Queres chá ou café?

– Nada, obrigado.

A ela apetecia-lhe beber algo forte e com cafeína. Apesar de tudo regressou e sentou-se num cadeirão que estava à direita do lugar dele no sofá.

Viu que ele observava tudo à sua volta, como uma fera enjaulada, e esperou que fosse ao âmago do assunto.

Finalmente fixou-se nela.

– A minha irmã e as minhas cunhadas acham que o mundo estaria melhor se eu estivesse tão bem casado como todos eles.

Lauren esperou.

– A minha irmã sugeriu que te viesse ver.

Ela chegou-se mais para a frente na cadeira.

– Lamento dizer-te que só aceito clientes firmes nas suas ideias…

– Resolvi que talvez tenham razão.

Ah. Lauren voltou a chegar-se para trás, com vontade de voltar a pô-lo à experiência.

– Se te nomearam o solteiro mais famoso de Boston, não vejo por que necessitas contratar os serviços de uma agência matrimonial. O próprio título…

– Já foste informada, não é? – Perguntou-lhe em tom irónico.

– Sim – admitiu ela. – Leio o Sentinel e, de qualquer forma, faz parte do meu trabalho conhecer os solteiros famosos da cidade.

– Exactamente – passou a mão pela cabeça. – Esse título ridículo faz de mim o alvo de todas as caça-fortunas e sirigaitas das proximidades. Terem-me nomeado como o solteiro mais cotado de Boston uma vez já foi uma confusão mas agora com dois anos de título, tornou-se um assédio. Vi os meus irmãos perseguidos por mulheres sem escrúpulos e não desejo de modo nenhum que aconteça comigo – fez uma pausa. – É aí onde entras tu.

– Uma coisa é querer evitar as mulheres sem escrúpulos e outra é querer encontrar um relacionamento que valha a pena.

– Estou com trinta e seis anos. Está na hora.

– Hora?

Ele anuiu de forma breve.

– Tenho dez anos de muitas horas passadas na empresa e não pretendo ter sessenta anos na altura em que os meus filhos chegarem à Liga de basebol infantil.

A Lauren as suas palavras pareceram-lhe muito certas e lógicas.

– Além disso – continuou ele – não tenho tempo para a arbitrariedade. Conto ter encontrado a mulher que me convém em três meses, até ao momento em que o Sentinel terá de nomear novamente o solteiro mais cotado do ano.

Tinha-se socorrido dela, pensava Lauren, pela mesma razão dos seus clientes de alto nível. Nem estes nem ele tinham tempo para procurar a mulher ideal ou o príncipe encantado, no caso das suas clientes femininas. Com esse tipo de personalidade, pensavam que resolviam o assunto de encontrar a pessoa adequada da mesma forma como resolviam tudo na vida: pagar a outros para lhe fazerem o trabalho.

Não achava que devesse surpreender-se por um magnata como Matthew Whittaker pensar que podia encontrar uma esposa da mesma maneira.

– Contratar os serviços de uma agência matrimonial não é uma solução rápida – advertiu-o ela. – Os meus clientes às vezes esquecem-se de que de qualquer modo têm de dedicar tempo, esforço e energia emocional numa relação.

– Compreendo. Tirarei o tempo que for preciso mas confio na tua esperteza para fazeres com que mereça a pena – disse ele. – Será uma excelente publicidade para a Ideal Match se arranjares uma esposa ao solteiro mais cotado de Boston.

Nisso tinha razão. Naturalmente, sendo o homem de negócios que era, não pôde deixar de assinalar os benefícios acrescidos ao tê-lo como cliente.

Parker, o seu ex-noivo, também era assim. Claro que como ambos, Matt e Parker, tinham sido colegas na faculdade de Ciências Empresariais de Harvard, não era grande surpresa que houvesse tantas semelhanças entre eles.

Ela, por outro lado, era uma profissional nas decisões relacionadas com os negócios do coração, mas não com a cabeça. Felizmente tinha escolhido um sector onde essa maneira de pensar tinha as suas compensações. Aliás, devido ao seu trabalho de voluntariado na comunidade dos reformados, era a única casamenteira de Boston e subúrbios que fazia trabalhos de caridade.

Mas se conseguisse juntar Matt com a rapariga ideal, a Ideal Match conquistaria outro estatuto. Mas como reagir se Matthew Whittaker era uma memória permanente do noivo que a tinha deixado plantada e se ainda por cima não tinha experiência daquilo que era a paixão e o amor?

Voltou a pensar no quanto a ajudaria no negócio se aceitasse Matt. Já saberia como sair-se desta. Tinha-se saído bem com grandes executivos difíceis, demasiado ocupados para comparecerem a mais de um encontro, ou com pomposos perfeccionistas que pensavam ser um autêntico deleite para as mulheres, ou até mesmo com prima-donas lacrimosas que desde pequenas planeavam as suas bodas.

Observou que Matt, nesse momento, estava a passar os olhos com curiosidade pelo seu gabinete. A Ideal Match estava situada numa das torres de escritórios mais elegantes do centro de Boston. Na sua maioria, os seus clientes eram homens de negócios, profissionais que não só tinham uma expectativa de boa imagem do seu negócio como também de facilidade de acesso.

Ainda que o edifício fosse elegante e novo, ela esforçara-se para que os gabinetes da Ideal Match fossem confortáveis e acolhedores. O visual passava por um mobiliário em madeira escura, forrado e atapetado em cor-de-vinho e castanhos, decorado a creme e um pouco de dourado.

– Não estás nada mal – disse-lhe finalmente quando voltou a fixar-se nela. – Quando é que abriste a Ideal Match?

– Há pouco mais de quatro anos. Ficarias admirado se soubesses quanto vale no prego um anel de noivado com um diamante perfeito.

Falou antes de poder conter-se. Teria ele pensado que há cinco anos ela tinha entrado num buraco de onde não mais saíra? Sentira a tentação de voltar para a Califórnia, para junto do consolo da família, mas aguentou-se.

Ele inclinou a cabeça e olhou-a fixamente.

– Não, não me espanto – murmurou antes de continuar. – Alegro-me de que estejas bem nestes últimos anos.

Limitou-se a agradecer-lhe com delicadeza porque não lhe apetecia nada voltar a falar naquele dia fatal que ele tinha testemunhado.

A boda ideal de Junho era para ser a sua. Até o tempo estava do seu lado, com o dia a amanhecer solarengo e com a temperatura ideal. Mas para além do tempo, mais nada correra como planeado.

Desde pequena que sempre tivera medo de dar uma festa e de que esta pudesse ser um desastre. Previa-se que a celebração da sua boda fosse a maior festa que tivesse dado mas acabou por ser o fracasso mais estrondoso de toda a sua vida.

Mesmo assim, quando as coisas correram mal, o que se passou não era comum. O noivo não tinha fugido, nem tinha deixado as más notícias para a noiva com o padrinho. Parker tinha aparecido, ele mesmo. Quanto a ela, não lhe tinha dado um ataque de choro como costumava acontecer, pelo contrário, tinha mantido uma postura recta e continuado com a festa.

Estava a colocar o véu na suite do hotel quando Parker apareceu, dizendo-lhe que tinham de falar. O resto foi uma colisão filmada em câmara lenta, sem que ela pudesse fazer nada. Ele queria cancelar a cerimónia porque não lhe parecia estar seguro e, segundo ele, tinha de desfrutar mais da vida, acrescentando que tinha muita pena de prejudicá-la.

Ela tinha ficado a olhá-lo fixamente, sem querer acreditar que aquelas palavras estavam a sair da sua boca, e incapaz de reagir porque o choque a tinha paralisado.

Ele nem sequer tinha tido a decência de lho dizer na noite anterior durante o jantar de ensaio. Não, dissera-lhe mesmo antes dos quase cento e cinquenta convidados encherem a igreja até ao corredor central que ela supostamente teria percorrido na hora seguinte.

Então olhara para Matt que aparecera por detrás de Parker. Estava vestido com um fraque, como todos os padrinhos, mas a sua expressão não era de felicidade mas sim austera e séria. Se estivesse à espera de um ombro onde chorar, certamente não seria o dele que estaria disponível.

Ironicamente, esta sua reacção tinha-a fortalecido. Lauren tinha comunicado o acontecimento aos convidados, de cabeça bem erguida, e continuou com o banquete de casamento, dessa vez como homenagem a um casamento não realizado.

Os convidados tinham admirado a sua coragem mas só ela soubera o difícil que fora seguir de viagem de lua-de-mel com a dama de honor no lugar do seu marido.

Apesar disso tinha conseguido consertar a adversidade. Deixara a agência matrimonial onde estava a trabalhar até então e abrira o seu próprio negócio. Mesmo que ela não tivesse nenhum desejo de casar-se, estava convencida de que a sua má experiência lhe tinha ensinado o critério da compatibilidade entre as pessoas.

Formar casais felizes tinha-a ajudado a curar as suas próprias feridas. Entre as suas histórias de sucesso contavam-se muitos casamentos onde em cada cerimónia a que assistia tinha chorado de felicidade.

– Continua a ser-te doloroso – disse-lhe Matt, trazendo-a de volta ao presente com as suas palavras.

Não era necessário explicar-lhe nada. Ambos sabiam do que é que ele estava a falar. Como queria mudar de assunto, aproximou-se da mesa de centro para pegar na pasta que Candance lhe tinha deixado ali.

Num dado momento, e pela necessidade premente de demonstrar-lhe que tinha prosseguido com a sua vida, decidira aceitá-lo como cliente.

Lauren abriu a pasta.

– Então o que procuras numa mulher?

 

 

A ti. Este pensamento deixou-a estupefacta. Como lhe tinha ocorrido tal?

Matt decidiu ignorar o assunto. Na realidade, não tinha pensado muito no que queria de uma mulher mas decidiu dizer algo para ver a reacção. – Simples.

– Mais nada?

Pensou um pouco.

– Com estilo.

Reparou que ela tinha posto um top negro com decote em bico e uma saia justa cinzenta, calçava botas de couro negro de salto alto. As jóias eram simples, apenas umas argolas, um relógio e um colar.

Ela leu o questionário que ele tinha preenchido na recepção e ergueu a vista com uma expressão sisuda.

– Não respondeste a todas as perguntas.

Ele encolheu os ombros tranquilamente. Ela olhou-o com desaprovação antes de descer os olhos para a folha que tinha em frente. Enquanto Lauren continuava a ler as respostas, Matt pensou no desassossego que sentia e do qual não conseguia desembaraçar-se. Tinha passado os últimos dez anos a trabalhar continuamente a dirigir os seus edifícios de escritórios como director financeiro, mas também atarefado com as suas próprias aplicações financeiras.

Contudo, ultimamente quando estava entre os seus irmãos nas reuniões familiares sentia-se posto de parte. Quentin casara-se com Elizabeth Donovan, decoradora de interiores, e já era pai. Depois, Allison tinha-se casado com Connor Rafferty, um antigo colega da universidade. E pouco depois, Noah casara-se com Kayla Jones que fora considerada a mulher com mais estilo de Boston, de acordo com a página de fofocas do Sentinel.

Quanto mais pensava nisso, mais sentido fazia ter ido contratar os serviços da agência matrimonial, sobretudo porque enquanto o Sentinel continuasse a conceder-lhe aquele título estúpido, todas as caça-fortunas de Boston e arredores o assediariam.

Não prejudicaria ninguém ao contratar os serviços da agência de Lauren por dois meses. O seu tempo era precioso e embora não pudesse modificar o passado, o negócio de Lauren expandir-se-ia se ela arranjasse uma parceira ao solteiro mais cotado da cidade.

Justamente nesse momento Lauren ergueu a vista do questionário e arrancou-o aos seus pensamentos.

De esferográfica na mão, dirigiu-se a ele com dinamismo.

– Preenchamos os espaços que deixaste em branco.

Matt teve vontade de sorrir por causa do seu tom formal.

– Qual a cor de cabelo que preferes?

Olhou para o cabelo dela.

– Gosto das morenas.

Ela tinha uma cabeleira lisa e sedosa que lhe caía até aos ombros. E ele ficou contente por ela não o ter cortado muito desde a última vez que tinham estado juntos. Até parecia mais comprido.

– A idade? – perguntou-lhe depois de anotar a sua primeira resposta.

– De trinta e tal anos.

Pensou na idade de Lauren na altura em que esta se ia casar, há cinco anos. Teria vinte e cinco?

Fitou-o intensamente.

– Cor de olhos?