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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2013 Olivia Gates

© 2015 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Princesa temporária, n.º 1276 - Novembro 2015

Título original: Temporarily His Princess

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7453-4

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Prólogo

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

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Prólogo

 

Seis anos antes

 

Vincenzo ficou paralisado ao ouvir a porta. Ela estava ali. Os seus músculos ficaram tensos. A porta fechou-se de repente e ouviram-se uns passos rápidos.

Os seus guardas não o tinham avisado. Não tinha soado campainha nenhuma. Ela era a única pessoa a quem ele tinha dado chaves e acesso ilimitado ao seu sótão.

Tinha-lhe dado mais do que acesso ao seu espaço pessoal, tinha-lhe outorgado domínio sobre as suas prioridades e paixões. Era a única mulher em que ele tinha confiado plenamente. Tinha-a amado.

E fora tudo uma mentira. Sentiu uma forte dor no estômago. Ira. Sobretudo, ira contra si mesmo.

Mesmo depois de ter provas da sua traição, tinha-se agarrado à ideia de que ela poderia dar-lhe explicações. Tal era o poder que tinha sobre ele.

Isso deveria tê-lo alertado. Era desconfiado por natureza. Nunca tinha deixado que ninguém se aproximasse dele. Já como príncipe de Castaldini, suspeitava das intenções das pessoas. Depois de tornar-se num brilhante investigador no campo das energias alternativas, tinha perdido a esperança de ter uma relação genuína.

Até ela ter chegado. Glory.

Quando a viu, sentiu uma atração irresistível. Desde a sua primeira conversa tinha-se submergido num poço de afinidade, antes desconhecida para ele. A ligação tinha sido mágica. Ela despertara todas as suas emoções e satisfizera as suas necessidades, físicas, intelectuais e espirituais.

Mas para ela ele fora apenas um meio para atingir um fim. Um fim que ela tinha alcançado.

Depois de quase ter ficado devastado pelo fogo da agonia, a lógica ganhara a batalha. Procurar vingança só teria trazido mais danos, por isso optou por deixar que a dor o consumisse. Tinha-se ido embora sem lhe dizer uma única palavra.

Mas ela não o tinha deixado ir-se embora tão facilmente. As suas constantes mensagens tinham passado da preocupação ao frenesim. Todas elas lhe partiam o coração, primeiro pelo desejo de tranquilizá-la, depois pela fúria de ter-se deixado enganar outra vez. Até que chegara aquela última mensagem: lancinante, digna de uma mulher que estava louca de medo pela segurança do seu amante.

Tinha-lhe causado uma dor tão aguda que tinha compreendido que só podia haver uma razão para tanta persistência: o plano de Glory ainda não tinha triunfado. Intuía-se inclusive que a evitava porque suspeitava dela, parecia disposta a arriscar tudo para voltar a aproximar-se e acabar o que tinha iniciado.

Por isso tinha-lhe deixado descobrir que tinha voltado, sabendo que correria para ir encurralá-lo. Mas, apesar de ter tudo planeado, não estava pronto para vê-la nem para fazer o que tinha de fazer.

Não devia ter-lhe dado a oportunidade de voltar a invadir a sua vida. Não estava preparado.

– Vincenzo!

Uma criatura pálida, que pouco se parecia ao ser vibrante que capturara o seu corpo e o seu coração, irrompeu pelo quarto.

Com os olhos turvos e inchados pelo que pareciam horas de choro, olhou para ele da porta do quarto em que tinham partilhado prazeres inimagináveis durante seis meses. De repente, lançou-se em direção a ele e abraçou-o como se ele fosse o seu salva-vidas num naufrágio.

E ele soube como tinha sentido a sua falta. Desejaria aquela mulher que tanto tinha amado, mas que não existia, até ao fim dos seus dias.

A sua mente desfez-se com a necessidade de apertá-la entre os braços, de inalar o seu aroma. Esforçou-se para não lhe afundar as mãos no cabelo, atrair o seu rosto e beijá-la. Os seus lábios necessitavam sentir os dela uma última vez.

Como se sentisse que estava a ponto de render-se, ela depositou-lhe uma chuva de beijos no rosto. A tentação foi como um nó à volta do seu pescoço. As suas mãos mexeram-se, como se tivessem vontade própria, mas ele deteve-as a tempo.

– Meu amor, meu amor.

Controlando um rugido, imobilizou-a antes que ela lhe roubasse a vontade e a coerência.

Ela permitiu que ele a afastasse e levantou o rosto em direção a ele. Os seus olhos pareciam inundados por aqueles sentimentos que tão bem sabia simular.

– Oh, querido, estás bem – abraçou-o de novo. – Enlouqueci quando deixaste de responder às minhas chamadas. Pensei que tinha acontecido alguma coisa horrível.

Ele compreendeu que a sua estratégia, pelos vistos, ia ser simular inocência até ao final.

– Não aconteceu nada – a sua voz soou rouca, fria.

– Houve outro erro de segurança? Isolaram-te para descobrir o culpado da fuga de informação?

Ele ficou assombrado pela sua audácia. Talvez pensasse que era demasiado inteligente para ser descoberta. Se se sentisse segura, não pensaria noutra razão para que ele se mantivesse afastado enquanto a sua equipa de segurança descobria como continuavam a chegar ao exterior os resultados da sua investigação.

Era melhor assim. Dava-lhe a oportunidade perfeita para despistá-la.

– Não houve fuga de informação nenhuma – esforçou-se para aparentar serenidade. – Nunca.

– Mas tu disseste-me... – o alívio inicial deu lugar à confusão. Calou-se, desconcertada.

Aquela, por fim, era uma reação genuína. Ele tinha-lhe contado os incidentes e problemas que tinha tido enquanto lhe roubavam sistematicamente o trabalho da sua vida. E ela tinha simulado angústia e impotência pelas suas perdas.

– Nada do que te disse era verdade. Permiti que houvesse fugas de resultados falsos. Dava-me gozo imaginar a reação dos espias quando se apercebessem disso e o castigo que receberiam por entregar informação errónea. Os resultados reais estão a salvo, à espera que eu esteja pronto para revelá-los.

Era mentira, mas esperava que ela transmitisse a informação a quem quer que a tivesse contratado, para que a descartassem sem prová-la. A camaleónica mulher ocultou a sua surpresa.

– Isso é fantástico, mas por que é que não mo disseste? – soou entre insegura e magoada. – Achavas que te estavam a vigiar? Até mesmo aqui? – encolheu-se. – Uma simples nota ter-me-ia evitado tanta angústia.

– Dei a todos a versão que necessitava que acreditassem, para convencer também os meus oponentes – cerrou os dentes. – Só as pessoas nas que mais confio sabem a verdade.

– E eu não sou uma delas? – perguntou ela, titubeante, processando o que ele tinha dito.

– Tu? – por fim podia dar rédea solta à sua fúria. – Era suposto ser uma aventura breve, mas és demasiado pegajosa; não quis dar-me ao trabalho de pôr fim à relação. Pelo menos, antes de encontrar uma boa substituta.

– Substituta? – parecia que tinha acabado de levar uma punhalada no coração, mas ele não acreditou nela.

– Com a minha agenda, só posso permitir-me companheiras sexuais que façam as minhas vontades. Por isso convinhas-me, pela tua complacência. Não é fácil encontrar esse tipo de amantes. Deixo uma partir quando encontro outra. Como fiz.

– A nossa relação não era dessas – a dor escureceu os seus olhos turquesa.

– O que é que achavas que era? Um grande amor? O que é que te levou a pensar isso?

– Tu... – os seus lábios tremeram – disseste que me amavas.

– Gostava da tua forma de agir. Aprendeste a dar-me muito prazer. Mas até mesmo uma companheira sexual tão maleável como tu só pode manter o meu interesse por um breve período de tempo.

– Isso é tudo o que eu era para ti, uma companheira sexual?

– Não. É verdade – tentou que a brilhante atuação dela não o impressionasse. – Companheira implica um vínculo significativo. O nosso não o era. Não me digas que não ficou claro desde o primeiro dia.

Teria jurado que as suas palavras a cortavam como uma faca ferrugenta. Se não tivesse tido provas da sua perfídia, a agonia que simulava teria dado cabo das suas defesas. Mas naquela altura, só lhe endurecia o coração. Queria vê-la gritar e desfazer-se em lágrimas falsas. Mas ela limitava-se a olhar para ele com olhos húmidos.

– Se isto for uma partida, por favor, para imediatamente... – murmurou.

– Bem! Achavas mesmo que eras mais do que um mero caso para mim?

Ela estremeceu como se ele lhe tivesse batido. A ele custou-lhe controlar-se ao vê-la assim. Tinha de pôr fim àquela cena ou acabaria por deixar cair a máscara.

– Devia ter sabido que não captarias as pistas. Pela forma como acreditavas em tudo o que eu dizia, é evidente que não és muito astuta. É óbvio que não te nomeei minha diretora executiva de projetos por mérito próprio. Mas começa a irritar-me que ajas como se eu te devesse alguma coisa. Já paguei pelo teu tempo e pelos teus serviços muito mais do que valiam.

Por fim, as lágrimas afloraram, traçando sulcos pálidos nas suas faces.

– Da próxima vez que um homem se for embora, deixa-o ir. A não ser que prefiras ouvir a verdade sobre quão pouco ele te valoriza...

– Cala-te... por favor – levantou as mãos. – O que senti por ti era real e intenso. Se já não sentes isso, pelo menos deixa-me com as minhas recordações.

– Pareces ter-te esquecido de quem eu sou e o calibre das mulheres a que estou acostumado. A tua substituta chegará dentro de poucos minutos. Apetece-te ficar?

Ele, pensando que ela ia parar de atuar, virou-lhe as costas.

– Eu amava-te, Vincenzo – gemeu ela, chorosa. – Acreditava em ti, pensava que eras um ser excecional. Mas tu usas as pessoas. E ninguém sabe isso porque tu mentes maravilhosamente. Desejaria nunca te ter conhecido e espero que uma das minhas «substitutas» te faça pagar pelo que fizeste.

– Se quiseres estar a mais, assim seja – disse ele, perdendo os nervos. – Vai-te embora ou, para além de não me teres conhecido, desejarás não ter nascido.

Sem se deixar levar pela ameaça, ela deu meia volta e saiu do quarto.

Ele esperou para ouvir o barulho da porta a fechar-se. Depois, rendeu-se à dor.